A saudade também é amor

Muita gente acredita que a saudade, nada mais é, do que a dor de uma partida. Concordo. Até pode ser. Mas a saudade também é a parte inteira de um amor que se repartiu.

A gente só sente saudade daquilo que foi bom. Do calor do abraço, da voz, dos dias de domingo no sofá, das noites de quinta-feira no cinema. Daquele lugarzinho, aquele que era de vocês, afinal, vocês o descobriram juntos e só iam juntos. Coitado desse lugarzinho. Agora é como se ele nem existisse mais. Ele sente saudade de vocês dois.

Você também sente. Eu sei. E dói bastante, também sei. A saudade dói porque ela é um apelo para se voltar ao passado, mesmo sabendo que o tempo só corre para frente (ao menos no nosso entendimento).

A saudade dói porque ela bate no que já foi bonito, trincando, amassando, apagando, bem lentamente.

Mas eu vou dizer uma coisa que pode te ajudar a encarar a saudade de uma forma diferente, mais branda, suave e leve, sem você ter que mandá-la embora.

A saudade é um amor partido que vai ser para sempre inteiro. Saudade também é amor e vai ser para sempre, ainda que aos pedacinhos, ainda que incompleta, ainda que doída.

Ela só nasce do amor e, por isso, é amor também. Um tipo diferente, claro. Um tanto quanto inconstante, intrometida, autoritária e insistente. Mas não deixa de ser amor e nunca vai deixar de ser.

Então, quando a saudade bater e você for recebê-la, não a receba com tristeza, raiva ou rancor por ela ter levado alguém que você amou. Receba a saudade com felicidade, pois, ela só existe porque você foi capaz de amar alguém.

Você amou. Amaram você. O amor partiu. A saudade nasceu inteira. E com ela nasceu também a chance de você aprender que saudade não é partida. Saudade é o que fica do amor.

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