A vida é uma possibilidade de encontro

Volta e meia, quando deitados entre as cobertas que, felizmente, nos protegem do mundo, podemos nos questionar qual é o significado da vida e, caso estiquemos um pouco mais a linha de raciocínio, se estamos trilhando um caminho do qual teremos orgulho em um futuro próximo. Obviamente, não existe uma resposta definitiva, até porque, caso existisse, o mundo perderia a graça de ser o que é. Acontece que quando insistimos em pensar no sentido da vida e buscamos respostas que apaziguem a nossa alma, não estamos realmente buscando uma resposta palpável, muito menos um ponto central em que tudo se interligue, mas, sim, uma razão para agradecer, para dar continuidade nos afazeres sem sofrer tanto, para rir, mesmo que não tenhamos muitos motivos, para chorar e deixar a alma nos preparar para coisas novas, sinceramente, uma simples e humilde razão para continuar acreditando.

Entre os pensamentos dessas pessoas, que amam cobertores, mas morrem de medo do ventilador do teto cair em suas cabeças, incluindo eu e a minha fiel escudeira, minha cachorra – ela parece pensar muito na vida, juro –, permeiam várias respostas, algumas guiadas pelas crenças, outras por medos, outras pela sensibilidade, pelo amor e assim por diante. E é assim que estou no momento: pensando nas infinitas possibilidades da minha vida. Com a idade e com as dobrinhas no corpo que começam a fazer moradia em nós, percebemos como encontrar alguém – seja um amigo, um amor ou um pedacinho da nossa família – que nos faz sentir especial, que coloca a nossa autoestima em dia e enaltece as nossas particularidades, é uma linda oportunidade que a vida nos dá de acreditar. E o que seria a vida se não um hiato entre acreditar e continuar a acreditando?

Não sei o porquê, mas muitas pessoas, loucas da cabeça, com toda a certeza deste mundo, já me perguntaram: Fred, o que é a vida para você?! E essa é uma pergunta dificílima de ser respondida, não somente por ser ampla ou reducionista, mas, porque provavelmente quando me perguntaram eu estava refém de um copo de cerveja, recebe  sempre a minha mesma resposta: a vida é uma breve e bela possibilidade de encontro. Encontrar quem a gente ama, nos doar inteiramente, rir juntos como se o amanhã pudesse não existir, perdoar esse alguém caso as faíscas originem fogo, se beijar no pôr do sol, nos dias de chuva, na verdade, em qualquer situação climática, e mesmo que coisas tristes aconteçam no percurso, saber que valeu a pena, pois, sempre vale a pena se entregar para um amor transparente e recíproco.

Tristemente percebo que muita gente só consegue conjugar o amor no passado. Sabe perfeitamente dizer que amou, que os momentos vividos foram lindos, que sente saudade, mas por que evitou tanto dizer essas palavras no presente?! Triste! Não para mim, mas para elas. Portanto, diga que ama neste instante, que está feliz nesta ocasião, pois, a benção de receber um amor, um encontro com a serenidade de sentir-se gostado, certamente, não aceita desaforos. E o que vida pode nos possibilitar além de um lindo encontro com pessoas especiais?! A vida é só isso: uma simples e divertida possibilidade de encontro.

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