“Amizade colorida”, um filme que termina em amor

Um executivo (Justin Timberlake) é fisgado por uma oportunidade de emprego em Nova York. Quem cuida de tudo é uma recrutadora chamada Jamie (interpretada por Mila Kunis). Começa a pintar uma atração entre os dois, mas ambos possuem teorias e ressalvas anti-relacionamentos. Decidem então que são apenas amigos que de vez em quando transam. Daí em frente já da pra imaginar onde mais ou menos isso vai parar.

Dizem que “Amizade colorida” não sustenta o próprio argumento, porque tenta se livrar do mote comum das comédias românticas usando piadas descoladas que tripudiam do amor careta, mas no fim acaba se rendendo ao bom e velho felizes para sempre. Eu já acho que as tiradas irônicas e as piadas em relação ao lado pacato dos relacionamentos possuem um bom caldo, e o fato dos personagens se apaixonarem pra valer é perfeitamente possível, desafiando inclusive o que eles próprios dizem. A gente acredita na curva do casal principal e em se tratando de uma comédia romântica americana – em que todos os clichês são bem-vindos – eu sempre espero por algo primordial: química entre os protagonistas. Talvez por isso, essa seja a minha comédia-romântica-norte-americana-clichê predileta nos anos 10.

O lado mais interessante das amizades coloridas que posteriormente se transformam em algo mais forte é justamente a ordem saudável dos acontecimentos. Quem nunca se lamentou em relação ao seu par dizendo “eu acho que a gente deveria ter sido amigo primeiro”. Pressupondo que um relacionamento não se orienta apenas pelo sexo, mas por uma porção de outras coisas, quando uma amizade se transforma em algo a mais, existe um exercício de afeto inexplicável que geralmente acaba emplacando. Você passa a gostar da outra pessoa, não porque ela é bonita, ou inteligente ou te faz rir. Você passa a gostar da outra pessoa de tanto gostar dela. É uma conta de potenciação perfeitamente possível. No filme o casal em questão é tão cúmplice em relação as suas anti-teorias que acaba engolido pelo próprio objeto de crítica.

Toda delícia que se preze pode ficar melhor ainda com um bom acabamento. Em “Amizade”, a cereja se chama flashmob. O recurso coloca vivacidade na trilha sonora, que ultrapassa a impressão auditiva e enche o nosso olhar também. Ele acontece nos momentos de clímax e as músicas escolhidas são nada mais nada menos do que “Closing time” do Semisonic  e “New York, New York” numa versão mais frenética. Em plena Times Square as pessoas se aglomeram de repente e dançam no momento da contratação e no Grand Central Terminal no da reconciliação. E você? Qual música tocaria no flashmob da sua vida?

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