As mulheres que me escreveram

Trocando beijos com a saudade de outras, me perco na imensidão dos amores que vivi. Todos tão singelos, tão únicos, tão meus. As mulheres que me fizeram companhia escreveram dentro de mim um hino ao amor. Construíram a certeza do meu sorriso de hoje. Me fizeram ter certeza de como pertenço aos corações que querem se entender.

Eu não tive mulheres; eu ainda as tenho, comigo, na minha história. Na dúvida de decifra-las ou devora-las, as amava com ninguém. Às vezes, no nada de um domingo à noite, sento ao som de algo que me traduza e lembro como cada cantinho da minha casa já teve um perfume diferente. Cada poltrona, um olhar pedinte. Cada deitar na cama, um suspiro colorido. Cada lençol, um frio a cobrir. Cada silêncio, uma saudade.

Mulheres são poesias sem fim. Rindo-se de meiguice, passam uma história no olhar, sorriem na certeza de serem ouvidas. Querem beijos que não se façam terminar, carinhos com gosto de amanhã, cabelos na mão de quem as deseja na eternidade de uma noite. Espero que elas tenham sido felizes, como eu fui.

No respeito do tempo, e na calmaria certa que viverei tudo ao tempo certo, deixo sempre que possível esses amores me invadirem. Sem dó. E, com as lágrimas do tempo, lembro de todos os meus amores calmos, dos meus amores mais carnais, das bocas que me beijaram, das nucas que foram o meu aconchego por algumas noites, das pernas que enrosquei na minha cintura, das roupas que deixei meu cheiro… Me sinto alegre por tê-los vivido. Sem elas não haveria paz nesse coração que tanto pede por várias histórias de amor.

Certo de que tive vários finais felizes, sou de todas que passaram, de todas que fizeram esse coração chorar mansinho; de todas que fizeram esse coração cantar. Sou de todas que entenderam o amor que vivíamos e não me deixaram sozinho, mesmo quando sozinho. Sou de todas que passaram pelo meu coração e, ali, ficam até hoje.

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