Calabresa? Que tal cuidar só da sua?

Depois de ter notado que os chifres da Dani Calabresa ganharam espaço, em rede nacional, como se à nação tivessem mais importância do que a provável descoberta da vacina contra a malária, e após ter farejado a hipocrisia que tentava se esconder em meio aos julgamentos que o vazamento de tal pulada de cerca gerou, eu cheguei à seguinte conclusão: muita gente vive em busca de uma oportunidade – a foto de um flagra já serve! – para apontar o dedo às imperfeições e falhas alheias, principalmente – mas não somente! – àquelas que são demonstradas por figuras públicas e/ou portadoras de uma imagem supostamente imaculada, irretocável. E sabe por qual razão agem assim? Porque veem na crítica à conduta do outro uma oportunidade imperdível de tecer um elogio indireto – e disfarçado – à própria.

Muitas pessoas meteram o pau – e também o bedelho – no comportamento do Adnet, e fizeram isso porque queriam, indiretamente, mostrar que são os mais irretocáveis exemplos de fidelidade e boa conduta; quando, na verdade, não passam de humanos como todos os outros, ou seja, seres sujeitos à falha, à tentação irresistível e à realização de atos que, no dia seguinte, certamente causarão mais dor de cabeça do que a ressaca.

Se você ainda não sabe a que tipo eu me refiro, saiba que estou falando de gente que, das formas mais baixas, covardes e imundas, vive a maldizer os outros, com um único objetivo: elogiar a si mesmo. Gente escrota, melhor dizendo.

E se você pensa que esse tipo de gentalha, que usa o tombo alheio como tentativa de exibição do próprio equilíbrio, limita-se a aparecer somente na hora de apedrejar atitudes semelhantes a do Adnet, sabe de nada, inocente. Eles, assim como os pernilongos, parecem estar em todas as partes, cabeleireiros, condomínios e empresas, fazendo barulhos perto de qualquer orelha disponível para escutar uns podres da vizinha, sogra, gerente ou de qualquer outra que sirva como exemplo do que eles não são, ou melhor, fingem não ser.

Para que você possa identifica-los e, se possível, assumir uma postura diferente da deles, darei alguns exemplos de como eles agem. Tudo bem?

Eles, quando querem dizer que entendem de moda e que se vestem de maneira impecável, falam mal e riem da bota da moça que, pela Paulista, passa apressada.

Eles, quando querem mostrar ao mundo o quão inteligentes são, chamam de burros os que escorregam no português e que não têm cultura erudita.

Eles, quando desejam ser encarados como os mais gostosos do bairro, falam das banhas da mulher que, por causa da ansiedade, não consegue controlar a vontade de comer doces.

Eles, em minha opinião, não passam de idiotas que, devido ao tempão que passam cuidando do rabo alheio, não se lembram de limpar o próprio, comumente sujo de inveja dos que, diferente deles, têm algo a exibir.

Não escrevo este texto para defender a traição ou incentivar leitores compromissados a beijarem loiras no Leblon. Nada disso. Só acho três coisas:

1 – Se quer que os outros falem bem de você, falar mal dos outros, definitivamente, não é o melhor caminho. É burrice, aliás. Demonstra total falta do que mostrar. Quem tem algo de valor, mostra! Não sai por aí berrando que o resto do mundo não tem nada valioso.

2 – Antes de julgarmos os tombos do outro, devemos esperar até o nosso último segundo de vida, para que tenhamos plena certeza de que, em nenhum momento da nossa existência, tropeçaremos na mesma imperfeição.

3 – Quando você notar que está prestes a criticar o comportamento de alguém, pergunte-se: “Está atrapalhando a minha vida e/ou de outras pessoas?”. E se a resposta for “não, nem um pouco!”, como na grande maioria dos casos certamente será, vire o disco, fale sobre algo mais interessante e menos nocivo à humanidade, como os tubarões de Boa Viagem, que só arrumam confusão com quem não respeita as placas e, displicentemente, entra no mar.

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