“É melhor ser alegre que ser triste”, mas nem sempre

Não confio em gente que sorri o tempo todo. Gente que adora aproveitar o trânsito para meditar (oi?), que abraça cada colega quando chega no trabalho, que diz que ama até pra senhora que ajudou a atravessar a rua. Não é que eu seja rabugenta, mas acho, sim, que todas as pessoas do mundo deveriam ter assegurado o direito de um dia de tristeza sem explicação.

Não é possível que só eu acorde num dia de sol, com o namorado mais incrível do mundo ao meu lado e sinta que a cama é muito grande, o céu é muito alto e eu sou muito – muito! – pequena.

Me nego a acreditar que as pessoas não pensem, um dia só, que fizeram muito pouco para a idade que tem, que no fundo mesmo cheio de amigos se está sozinho e o quanto tudo pode dar errado. Não é depressão, não é vontade de matar ou morrer. É só tristeza. É apenas normal. Pode ser bonito.

Porque é preciso sempre ter razão pra uma cara de choro? Há dias em que um abraço de mais de 10 segundos me fazem chorar como se meu melhor amigo tivesse ido embora pra sempre. E não aconteceu nada. Meus amigos continuam incríveis, minha família continua me amado, eu continuo me sentindo bonita.

A melancolia é bonita – mais até do triste. E não precisa de explicação. É na tristeza que as pessoas se aproximam mais delas mesmas e dos outros. A tristeza é solidária e faz com que você entenda de maneira mais serena toda e qualquer explicação.

É na beleza da tristeza que estão as cenas mais bonitas do cinema, os versos mais bonitos dos poemas e a melhor versão de você. Então se dê ao direito de estar triste. Sem livros motivacionais, sem parecer a pessoa mais bem realizada do mundo nas redes sociais, sem sorrisos das fotos.

Veja a beleza na sua tristeza. Veja você na sua tristeza. Não deixe que as aparências e a necessidade de explicação dos outros tire de você algo que é só seu.

“Haverá um dia em que você não haverá de ser feliz…”

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