Eu não desisti de você

Antes você não fazia parte desse livro. É que ele é melancólico demais, como andava a minha alma antes de eu descobrir seus olhos. Aqui é noite, e com você era sol; Por aqui é amargo, e com você era tão doce que eu quis te deixar a salvo de toda essa merda.

Você é problemático como eu decidi que deveria deixar de ser – e não consegui, como você. Esse tipo de gente que tem histórias doídas. Cada vez mais doídas. Somos aquelas pessoas que perdem.

E a única coisa bonita nisso tudo é que, no meio das minhas perdas, eu quero te fazer ganhar; e ser luz pra você. E das tantas coisas que ninguém jamais me deu, guardei as melhores pra você. Te guardei a compreensão que o mundo me negou. A paciência que eu não tenho pra quase nada na vida. E os sorrisos que, há muito, não dedico a ninguém – não de verdade, não aqueles de dentro pra fora, sabe?

Não compreendo a sua dor. Não compreenderia jamais. Alguém que não viveu as suas perdas não o saberia; mas, mesmo na incompreensão, me julgo capaz de acalantá-la.  Eu sei que mundo parece ter te abandonado. A morte veio como virá para qualquer um e, eu sei, isso te matou um pouco. Talvez completamente – agora, pensando no meio desta confusão, confesso que eu já não sei.

E, onde quer que você ande, espero que em algum momento lhe venha um gole de vida. Uma memória bonita que te lembre que estou aqui e que não é o fim, embora lhe pareça. Continuo aqui com meu colo, com aquele filme que ainda não vi porque guardei pra ver com você; com as músicas nas quais, espero, você voltará a ver beleza. Se consegue me escutar, como as pessoas com ligações especiais como as nossas se escutam: não desista da vida. Eu não desisti de você.

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