Eu vou estar

Você vai lembrar de mim. Quando chegar em casa, virar a chave e abrir a porta, eu vou estar na sala, vendo meu programa favorito ou não parando em nenhum canal. Você vai soltar aquele “cheguei”, jogar suas coisas na mesa e vir correndo me encontrar. E em forma de almofada, vou te devolver um abraço frio, beijo na lembrança e sorriso ecoando pela casa em forma de memória.

Era pra eu estar aí, mas você não quis.

O grande problema de não dar o braço a torcer ao orgulho é ficar remoendo quais caminhos poderiam ter sido seguidos, sem conseguir deixar a vida fluir propriamente. É como dirigir olhando pro retrovisor. Não preciso dizer que a realidade, certamente, vem bater de frente e mostrar que é preciso acertar as contas. Coisa que você não fez.

No quarto, não importará se você já tiver jogado fora tudo que era meu e que não levei. Estarei nos labirintos tão conhecidos dos travesseiros, dos lençóis e até o teu despertador te fará sentir raiva de não ter meu “bom-dia” logo ao lado. E pensar que a errada dessa história toda é você. Se amar também é perdoar, acho que só um dos lados aprendeu a fazer isso.

Eu ainda te quero, é óbvio. E talvez essa seja a minha última tentativa de fazer abrir os olhos que, em alguns momentos, o mais importante é apagar o que aconteceu e rabiscar amor por cima. Eu tenho mil motivos pra seguir, mas dependo de você me abrir os braços e dizer que sou bem-vindo.

Não vou esmurrar a sua porta.

Amor não se mendiga, não se humilha e nem se arrasta para ser levado à sério. Se eu precisei passar por cima de algumas coisas para te desculpar, imagina o esforço que faço hoje pra te pedir de volta. Só não digo “nunca mais” porque os caminhos do coração são os mais imprevisíveis de todos, mas você pode escolher se me quer perto ou apenas na memória.

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