Se deixe envolver com as canções macias de Cícero

Balões inocentes, aguda saudade, vermelhos elogios. Cícero é uma fagulha nostálgica musical, seu violão incentiva olhos fechados e melodias de compartilhar no Facebook em um sábado com juras de tempo bom. Letras que casulam amores proféticos, canções de apartamento, assobios de elevador.

Poesias que conversam com nuvens, móbiles imagéticos que sugerem barulhos novos e autônomos, letras que combinam com o fim de tarde. Cícero parece estar de bem com a cidade, mas a sua suavidade tiqueteia uma inocência de interior, faz a gente sorrir de canto, sem perceber.

Cícero não tem parentescos musicais, foi aluno de Direito, é aventureiro no canto, mas possui no bolso diversos elogios de grandes nomes, seu jeito de se expressar é cheio de desenhos com as mãos, é ansioso nos gestos, e possui um arregalar de olhos de quem tem muito pra descobrir sobre as cores do mundo – e não nega. Tem um largado inspirado em Tom Jobim, gente que segundo ele “sabe que é foda, mas não liga muito”.

Cícero interage com o dia, faz canção também para pássaros que namoram nas antenas da rua movimentada, borda trilhas sonoras que incluem o que há de belo depois de um olhar pela janela. Poderiam ser cartas, mas são letras que falam de seus devaneios de quintal, ou sobre quando anda por paredes.

Seu primeiro disco “canções de apartamento” foi chuva de confete colorido, foi um sentar de índio, foi bola de chiclete com tatuagem de um dia, foi um Aquaplay sonoro com guitarras rebeldes. Seu segundo disco chamado “Sábado”, parece um livrar de ego, nele Cícero se desalgema do sucesso garantido, fragmenta sua poesia em asas e perspectivas, se reparte em tons que encostam no grave e nos traz referencias sobre um não-estilo de ser.

“Passando a vez, De par em par, Le petit prince égoïst, E sua flor de uísque, Em seu planeta sem cor, Mas quem se importa?“

“Eu vou te acompanhar de fitas, te ajudo a decorar os dias, te empresto minha neblina.”

“Cuidado que eu mudei de lugar, algumas certezas, pra não te magoar.”

“Fala pra ele, que a vida é um balão.”

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