O amor não tem nome (Recortes da vida)

Como o tempo passa. É algo sem definição. É só pensar um segundo que tudo vem a mente. A cada torto movimento do ponteiro do relógio, relíquias do passado.

Seriam elas relíquias mesmo?

Parecia tudo tão visceral, tão intenso e tão bom, mas sei que ali já existia um vazio. Hoje me sinto amarrado, como se algo de mal tivesse sido feito para mim. Os amores perdidos nesse relógio parado por anos, me confundi em histórias fictícias e da minha própria realidade.

Sinto-me tão só, tão sem saber para onde ir. A intensidade agora tem sido apenas ruim.

O que eu fiz do meu tempo?

Passo fazendo quase nada ou vendo vídeos e escutando músicas repetidas. Uma espécie de retorno sem fim. Algumas vezes eu saio disso e me sinto um pouco melhor. Sei que falta muito ainda para me libertar.

Perdido, sozinho, entediado.
As faces

As faces do passado, das pessoas, elas são diferentes de antes, estão distorcidas, porque afinal o tempo passa para todo mundo e isso é bom, pior fosse se fosse só para nós mesmos.

E os desafetos? O tempo todo me pergunto sobre eles, penso neles. Tudo isso está passando tão rápido e tudo está se tornando, cada vez mais assustador. Parece um tipo de lacre que há em minha vida. Ou em mim mesmo. Eu não consigo mais reconhecer um amor. Quando acho que é um, não é. As pessoas do passado aparecem às vezes na minha mente e às vezes na minha vida também, mas elas estão trilhando caminhos diferentes, bons ou ruins, com problemas ou sem problemas (aparentes).

A dificuldade só vai aumentando a cada dia que passa. O barulho da rua também. Não se escuta o ”som do silêncio” mais. É extremamente raro.

Nesse dia, de hoje, eu desabafo aqui. Ventou, parecia que ia chover. Será que a chuva dissiparia a minha dor? Há quanto tempo eu não tomo um banho de chuva Preciso me concentrar. Respirar melhor… E mais: tenho que aprender a não me iludir e nem deixar a sensibilidade me guiar como aqui nesse texto, falo de mim, de um todo. O que mais seria isso se não uma alta sensibilidade? O amor não existe mais. As garotas não são mais as mesmas e talvez nem deveriam voltar a ser as mesmas.

A personalidade de cada amor ficou recortada, em memórias pessoais que se fazem em reflexo reluzente em dias chuvosos (ou quentes). Tudo que vivi às vezes parece que foi apenas um sonho. Os valores estão deturpados.

Há muito tempo eles estão deturpados. Não falo de valores politicamente corretos ou não, mas falo do tal amor à moda antiga. Porque não podemos misturar o romance e o apego? Ao mesmo tempo todos nós nos desapegamos de nós mesmos, ou das outras pessoas, e tudo vira uma salada sem fim que pode causar um fim ruim.

O mundo vai girando em frases soltas no ar, a mente sabota, as pessoas sabotam, tudo sabota. Você se vê em um caos constante em que tudo que você quer é descansar. Descansar e ao mesmo tempo viver. Essa prosa poética, esse texto como um tudo poderia ser uma carta de “Anti-amor” a si mesmo, mas seria melhor que fosse uma carta de autoestima alt, de “Pró-Amor” a si mesmo. Do que adianta ajudar as pessoas, se quando você precisa de ajuda, o telefone não toca? E nem mensagens você vê?

As pessoas estão cegas ou tem medo. Não preciso ser tão explícito. E sou explícito. Tudo que eu vejo é um bate e volta. A vontade de chorar, na alma, é grande, ao mesmo tempo que já está calejada por tudo e as dores no corpo aparecem de tanto digitar. Seria isso uma carta para alguém? Eu deixo essa questão para você ou vocês que estão lendo isso.

Descansar e ao mesmo tempo viver intensamente bem. Sem laços ruins, com afeto, com vida, com Deus, sem ter dependência de nada, apenas de Deus e de si mesmo, mas não fazendo disso uma paranóia, nem um fanatismo, apenas viva. Viva, porque 10 anos passam rápido demais, 20 anos também e eu tinha apenas 8 anos há 20 anos atrás. E o que será de mim no futuro? O que será de nós? Melhor não pensarmos nisso.

“Mas é tão difícil!”. Eu sei, vamos nos unir. Parece loucura, mas é um grande desabafo. É como uma música sem melodia que você ouve na sua mente enquanto lê e cria suas próprias alternativas e interpretações.

Eu quero me amar (Eu me amo?)
Eu quero te amar (Você tem que me amar?)

E quantas vezes eu deixei de tentar com medo de que eu iria errar? O amor é duro de apostar quando você vive em um mundo de louco onde o lema é desamar. As pessoas querem conhecer você, te pedem para você se desarmar, mas a verdade cruel é que elas não querem empecilhos na hora de te machucar.

Algumas pessoas vão e outras virão, mas é sempre o mesmo rosto perdido na multidão.

Eu gostaria que fosse diferente, mas a maior parte do tempo eu prefiro me afastar de toda essa gente que diz que o amor livre é o certo, mas na prática só escraviza a mente.

A gente nunca sabe no início o que o outro pretende, mas de alguma forma, há uma esperança de que existe alguém, tão cansado quanto eu, que se esbarra, que entende… Que sente.

Amores… Pode ser melhor deixar todos eles de lado, por mais difícil que isso possa ser. Seja você, e viva. Nunca deixe de seguir em frente e dar valor às pessoas certas. Quando falo certas coisas, falo das pessoas que querem o seu bem. Não ria delas, não engane nem destrate. Você nunca sabe o seu dia de amanhã.

Texto escrito em parceria com o autor Raphael Endless.

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