O cheiro da cerveja [+18]

O cheiro da cerveja misturava-se ao cheiro dos corpos suados, do incenso queimando, dos cigarros e da saudade aniquilada. O sexo também tinha um cheiro bom, o mais forte de todos, que invadia as narinas daqueles dois corpos famintos, despertava os desejos daquelas duas almas desesperadas por tanto já terem esperado.

Era dia, mas o clima não poderia ser melhor. As cenas se entrelaçavam como um bom filme, a vontade acumulava temperava cada pedaço de corpo que era devorado, mãos e pernas misturadas, salivas, fluidos, línguas. Eles haviam esperado demais, não havia modo de controlar o instinto, tampouco queriam.

Língua no mamilo. Arrepio. Gemido. Era cada vez mais intenso, o ritmo nunca retrocedia. Cada palavra dita ao telefone se materializava naqueles corpos que se confundiam. Não se beijavam. Se lambiam. Nada era proibido. A cama e os corpos trêmulos, a cerveja derramada no colchão, nada era limpo ou bem arrumado. “Cala a boca. Você não vai fazer nada além do que eu mandar. Bebe. A cerveja, o gozo. Agora.”

Tudo tinha um gosto delicioso do qual aproveitavam cada gota. A cama ficou pequena. Depois a sala, o quarto, o corredor, a escada de incêndio. Nada mais havia além de dois corpos famintos e um tesão descomunal. “Não vai parar. Vai vir aqui e rebolar.” O descanso era secundário. Eles ficariam ali por toda a eternidade. “Ajoelha.” Não havia dor nos cabelos puxados e nem nos tapas sonoros. Queriam mais. Queriam além dos limites. Quadris dançantes, olhos nos olhos, tudo era troca. “Minha puta. Obedece. Eu não disse que eu te comeria assim?”

Queriam explodir. Não poderia ser diferente: Explodiram juntos, sem economizar no gemido. Depois daquele dia, eles nunca mais economizaram.

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