O primeiro aniversário de namoro

Hoje eu faço quatro meses de namoro. E vai ser o primeiro “aniversário” que comemoramos, porque é o primeiro que nós lembramos. Eu sou péssimo para datas, ela idem, então três aniversários passaram batidos e só foram lembrados dias depois. Mas esse eu lembrei hoje, justo no dia em que tenho que escrever pra cá. Então decidi falar disso.

Quando eu te conheci fazia uns dois meses que eu tinha terminado meu namoro anterior. A última coisa na vida que eu queria ouvir falar era de mulher. Mentira, mulher era a penúltima, a última que eu queria ouvir era Los Hermanos. Mas no exato momento em que eu sentei na mesa com você e as outras pessoas da sala, logo pensei: “eu tenho que sentar do lado dela e puxar assunto”,  toda a minha falta de vontade de ficar com alguém foi por água abaixo. Mal sabia eu onde aquilo ia parar e que, em cinco ou seis frases trocadas, eu já estaria completamente apaixonado por você. Naquele exato momento, peguei o celular e te adicionei no Facebook. E a partir dali eu só pensava em você. Eu te olhava falando e só pensava em como eu ia pentear o cabelo para ser apresentado aos seus pais ou se meu afilhado ia gostar da minha nova namorada. Namorada essa que, até então, mal sabia do meu interesse por ela.

Ao final da conversa eu não só estava perdidamente apaixonado por você como já estava pensando em como fazer você saber disso. Te chamei pra sair e, quando você disse que já estava interessada em mim desde o mesmo dia que eu, meu coração saiu pela boca e se eu não pego rápido ele caía na caixa de areia dos gatos. Eu mal pude acreditar, e mal acredito até hoje, que essa mulher linda, inteligente, engraçada, charmosa, está interessada em um sujeito como eu.

Não me menosprezando, minha autoestima não é nada baixa, mas é que é diferente. São mundos diferentes. Você tem mestrado enquanto eu larguei quatro faculdades. Você lê os clássicos enquanto eu desdenho deles e leio o que me dá na telha. Seus amigos são todos bem sucedidos e casados, enquanto eu divido minha casa com três gatos e meia dúzia de moveis. Mas prefiro não tentar entender, vai que eu te alerto disso.

E se hoje você acha que eu exagerei ao falar que estava apaixonado tão rápido, saiba que, antes de irmos embora do bar aquele dia, eu já o estava. Daquele dia até hoje não houve um só minuto – acordado ou dormindo – no qual eu não estivesse pensando em você, fazendo planos para nós dois. Limpando a minha casa para você vir aqui. Evitando minha verborragia antiesquerda para quando conhecesse seu pai. Ensaiando para parecer menos metido e arrogante quando conhecesse seus amigos. Pensando no presente que vou te dar de um ano de namoro (se nos lembrarmos da data). Eu já fazia planos de se íamos morar no Rio ou em Niterói, de que lado da cama você dormiria ou como íamos fazer para passar a lua de mel na Índia se eu não ando de avião e nós não íamos ter com quem deixar os gatos. Eu não estou exagerando. Eu nunca exagerei. Em poucas semanas você virou a minha vida de pernas pro ar, mas eu descobri que eu sempre quis que ela fosse de cabeça para baixo.

Bom, é isso. Feliz quatro meses de namoro. Que comemoremos ainda muitos aniversários juntos. Se lembrarmos a data, claro.

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