O que eu não desejo para o seu ano novo

É comum ter desejos e planos de ano novo. Mas como eu adoro o inesperado, decido sempre o que não quero pra mim e para os meus amigos e amores. De resto, o que vier que seja bem-vindo e traga aprendizado.

Mas, por exemplo, não desejo nem para os piores inimigos o sentimento mais mesquinho e destrutivo que existe: a mágoa. O desamor pode vir (faz parte da vida), a tristeza é pra gente valorizar a alegria (assim como a chuva é necessária pra chegar o arco-íris) e a solidão pode ser muito prazerosa. Mas a mágoa não tem nada de bom. Machuca, corrói e estraga a única coisa que é comum a todas as histórias: as boas lembranças.

Não desejo também que o tempo seja meu amigo. Com os amigos estamos sempre seguros e a graça da vida é que o tempo não é sentido da mesma maneira em todos os momentos. Não desejo que as coisas cheguem rápido demais, porque a expectativa pelas conquistas (grandes ou pequenas) aumenta a vontade de comemorá-las. Também não desejo que os meus sonhos demorem muito, porque a ansiedade às vezes nos cega para os aprendizados do caminho.

Para o ano novo, não quero ter vídeos de shows ou fotos de momentos únicos no Instagram. Quero viver cada momento destes longe da tecnologia e mais perto de mim. Ser egoísta com os minutos mais importantes da vida é guarda-los apenas na memória e torna-los, com isso, ainda mais meus.

Não quero, neste ano novo, que a balança meça a minha felicidade e a minha autoestima. Não quero invejar o corpo das mulheres surreais do cinema, nem desejo que a gastronomia se torne apenas uma calculadora de calorias. Não quero que o prazer de degustar um menu francês ou um xis-tudo na esquina se perca.

Que o respeito não seja esquecido, que as memórias não sejam perdidas, que os copos não fiquem vazios. Que eu continue me negando a deixar de amar o meu país, que as paixões não tenham hora nem local e que a arte não deixe de me encantar um segundo sequer.

Não desejo que as pequenas tradições – como essa lista de não desejos – se percam pelos anos. Porque o que eu menos quero para 2015, é que ele seja um ano qualquer.

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