Quanta energia você ainda quer gastar com um amor enrolado?

Eu sei bem que o seu gasto de energia tem nome, endereço e CPF. Sei também que surgiu nos seus dias assumindo a forma de alguém charmoso, acompanhado de conversas interessantes e sendo a única química de que você realmente conseguiu gostar em toda a sua vida. Daqui, mesmo sem te conhecer, eu vejo que o seu gasto de energia adora mexer com as borboletas frenéticas do seu estômago. Mas preciso te dizer que também sei que toda essa energia gasta pode estar exigindo muito de você.

E faço uma pergunta simples: quanta energia ainda está disposta a gastar com amores enrolados?

Pergunto isso porque entendo que aos 13 ou 14 anos, quando encontramos o amor pela primeira vez, toda essa adrenalina no relacionamento era algo que realmente fazia sentido. Foi quando surgiram os primeiros joguinhos. Quando as indiretas no MSN bombavam. Quando fazer ciúmes bobo parecia o jeito certo de mostrar o quanto o outro deveria nos valorizar. E dar aquela ignorada era a forma de tentar chamar a atenção.

Minha impressão é que antes da vida adulta, das responsabilidades com casa e contas para pagar, achamos que toda a paixão vem de fora, que vem do outro. Nem paramos para realmente pensar em toda a nossa configuração interna e em todos os sentimentos que nascem de nós mesmos. Apenas assumimos que o outro é responsável pelo que sentimos.

Mas e hoje? Isso ainda tem espaço na sua vida?

Aquele sorriso bonito, a conversa afiada e as borboletas abandonam toda a sua delícia quando o gasto de energia pesa muito mais do que as nossas ambições por um amor tranquilo e leve. Toda essa adrenalina perde espaço em nossas vidas quando precisam competir com o turbilhão de coisas que enfrentamos todos os dias. A verdade é que chega uma hora em que cansamos de amores enrolados e que mais apertam do que confortam.

E lá no fundo nós sabemos quando as coisas precisam acabar. A maturidade nos faz enxergar que a euforia inicial desses relacionamentos incertos passam a cansar quando a nossa única vontade é poder deitar a cabeça tranquila no peito de quem se ama. Cansa quando os jogos e indiferenças tiram a nossa paz e aumentam as inseguranças.

Não é fácil estar envolto na confusão que é a vida de outra pessoa. Menos ainda sair de cada encontro sem a certeza de querer ficar. Às vezes a sensação de tempo perdido é maior do que nossas forças para insistir em caminhar ao lado de alguém que não pode ou consegue dar reciprocidade. Mas entenda muito bem: isso não é egoísmo.

Relacionamentos instáveis e enrolados machucam, criam mágoas e têm a imediata façanha de atingir em cheio a nossa autoestima. Os nossos sentimentos parecem não estar sendo valorizados. E eu sei que se doar sem receber nada em troca não tem a menor graça. O tempo faz perceber que a gente pode amar alguém, mas não gostar mais de quem ela se transformou na nossa vida. Ou melhor, não gostar mais daquilo que nos tornamos e submetemos em função de outra pessoa.

A verdade é que o amor não é um negócio para todo mundo. E a pergunta que me ocorre é: que tal amar alguém que possa retribuir os seus sentimentos? Você merece alguém com quem pense em passar um dia, uma semana, um mês ou uma vida sem cogitar cair fora. Caso contrário, o máximo de certeza que você terá com essa pessoa é um rímel borrado e alguns
copos de cerveja.

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