Obrigada por me fazer de otária

Juro. Eu devo muito a você.
Você quase não me fez perceber o quão idiota eu podia ser por achar que ninguém seria melhor daquilo que me faz sofrer.

Sabe, eu sou de fato muito grata.
Essa vai ser mais uma daquelas vezes que se eu não for levantada pela vida, eu vou continuar na próxima esquina, jogada, já que tudo o que a gente viveu ou foi mentira ou foi cilada.

Obrigada.
Quando eu me recuperar, eu vou me lembrar de ir com calma, isso se eu não escolher passar minha vida carregando um trauma e quando alguém se aproximar, talvez eu faça o mesmo que você me fez, só que com outro cara.

Imagina. São “mágoas passadas”.
Eu vou sair para curtir com os meus amigos. Eu vou fingir que não lembro de nada, enquanto dentro de mim eu ainda vou sentir tudo na ponta da sua última facada.

Magoada? Eu?
Eu aprendi a ter que tirar leite de pedra, mas a minha recuperação não começou de hoje, foi uma longa jornada. Você saberia se tivesse se importado em não me achar tão dramática.

Isso mesmo. Siga sua estrada.
Siga com toda a força do mundo. Isso mesmo, como se você não tivesse matado alguma esperança e suas mãos não estivessem manchadas, afinal, não é sua culpa, mas sim da sua juventude em cúmplice com sua imaturidade, são essas duas que te absolvem de qualquer atrocidade e no seu lugar são acusadas.

Culpada?
Por eu ter entregue o meu coração?
Por eu ter pulado de um penhasco sem saber que não haveria ninguém para me impedir de cair no chão?
Por eu ter sido tão burra, já que só crianças estúpidas vivem de paixão?

Sim. Culpada, julgada e condenada.
É mais provável que você vá conhecer a felicidade, enquanto eu me encontro sem resposta e abandonada a própria sorte, mas isso passa…

Não passa?

“Obrigada.”

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