Papo com a leitora: Angélica, o amor próprio e os temakis com cream cheese

Oi Fred, você pediu um breve resumo da história antes do texto… Acho que tudo que eu escrevi se resume em uma vida cheia de insegurança e incerteza, mas que ontem decidi que ia mudar.

Sou daquelas pessoas que gosta de tudo um pouco, mas que não sabe fazer nada de especial, sabe?! Me perco no meio de videogames, livros, filmes, séries, beijos, músicas… E nada específico realmente me descreve.

Sou cheia de muitas coisas, mas me sinto vazia de algo em especial. Às vezes isso se deve ao fato de eu não conseguir terminar nada… Já perdi a conta de quantos livros eu não terminei, quantas séries só vi a primeira temporada – ou larguei faltando 10 episódios pra acabar –, quantos filmes que parei de assistir na metade ou aquele Final Fantasy que tá lá no meu XBOX mas que de “Final” eu nem vi o cheiro. A única coisa que eu realmente consigo terminar, é com um bom prato de comida. Especialmente se for comida japonesa. Especialmente temaki. Especialmente temaki de salmão com cream cheese e cebolinha.

Além disso, minha vida não passa de um roteiro comum de vida parada que nem dá pra fazer filme de sessão da tarde – ou dá, né?! Terminei ensino médio, prestei vestibular, fiz quatro anos de faculdade, me formei e agora estou empregada. No meio disso um ou outro namoro e nem vou falar de festa, porque festejar pra mim é uma sala, um sofá, um cabo HDMI e acesso à internet.

Bom, mas uma aventura eu posso contar. Desde antes do dia em que perdi o meu BV aos 16 anos de idade – sim, não fui uma garota precoce – minha vida foi feita de amores e desamores. Não gosto de números, mas gosto de contradições, e posso dizer que desde criança devo ter tido alguns muitos príncipes encantados que não eram tão encantados assim. E hoje percebo que, embora completamente perturbador como pareça, saí jogando meu amor pra todo canto quando que a principal criatura que eu devia ter amado era eu.

Tenho – tinha? – essa mania de colocar todo meu amor, carinho, tempo e expectativas no outro, quando na verdade eu tinha que colocar um pouco desse empenho na minha própria pessoa. Não me arrependo de ter dado tudo de mim, mas se você entrega tudo que é seu pro outro, o que vai sobrar se ele não te quiser mais?

Me dei o prazer de pagar um jantar pra mim ontem. Sair comigo mesma foi a melhor atitude que eu tomei nos últimos tempos, porque nossa própria companhia é a mais importante. Vou fazer isso mais vezes, e inclusive já até marquei na minha agenda. Não digo que não amarei e desamarei outras pessoas nunca mais – inclusive tenho meus próprios desamores comigo mesma – só que isso não é mais um peso, porque se houver final, eu sempre terei o prazer da minha própria companhia depois, e parei de tentar esperar do outro aquilo que só eu posso fazer por mim mesma.

Eu, Angélica Moreno, publicitária por formação, mas dramática de berço. 23 anos de existência e que é menina, gosta de videogames de menino, gosta livros de menina, de filmes de ambos, futebol, sushi, caixas, tem uma aversão a amendoim, vitiligo, cabelo ruivo falsificado e um desespero constante de chegar em casa pra fazer absolutamente nada.

Conclusão: o que somos se não um conjunto de gostos, desgostos, ponderações e atitudes? Agora estou pronta pra achar outro conjunto pra somar com o meu.

papocomleitora1

**

Faaaaaaaaala dona Angélica! Tuuuuuuudo bem? Imagino que siiiiim!

Que delícia ler seu texto. Senti prazer em lê-lo, confesso. Ah, e confesso também que sempre tive esse mesmo problema. E ainda tenho. Não sou um ser focado, começo a academia, desisto. Começo a ver um filme, cansei na metade. Começo a criar algo novo, desanimo em dois dias. Dou bom dia a mulheres de sorrisos lindos, mas nem sempre dou oportunidade deles me darem boa noite. Mas, infelizmente, a persistência é necessária para o sucesso. Seja da sua carreira ou da surpresa ao final do filme. Então sempre que começo algo e quero desistir começo a falar dentro de mim: cala-boca e continua! E admito, nunca me arrependi de ter continuado, vide o blog aqui hahaha ;)

Quando criança eu doava amores a todos, amigos, conhecidos e tudo mais. De um nível quase que bobo. Sempre perdi namoradinhas – coisa de 14/15 anos – por ser muito apaixonado. E depois de alguns namoros e alguns pés na bunda, aprendi a não ser tão presente. Coisas que aprendemos com a vida. Hoje, mais velho e mais careca, aprendi a dosar um pouco mais esse meu lado. E, hoje, acredito que tenha até dosado demais. Me vejo solto, feliz, voando, sem expectativas, seguro e conquistando o que eu quiser. Mas, infelizmente, a segurança pessoal nos cria certas barreiras que evitam a entrada da paixão, do medo, do receio, da ansiedade de amar, das aventuras.

Lembro-me bem de um dia que a minha mãe me disse: Quanto mais alta a montanha, maior a queda. E quanto mais fechado – seja por foco no trabalho ou traumas passados – eu me mantivesse, mais difícil seria voltar a me abrir. E quando eu me abrisse e, porventura – ou uma aventura –, eu tomasse um pé na bunda – coisa normal – não saberia como reagir. Não há como se abrir verdadeiramente a um amor sem se entregar. Você pode se tornar fechado, seguro, sem expectativas, é possível, mas, talvez, nunca descobrirá a aventura gostosa que é amar. De qualquer forma tenho muito o que aprender. O importante é estarmos conscientes das nossas mudanças. Eu estou nessa fase de voar, trabalhar, focar, me conhecer, me descobrir e descobrir o mundo também. E acho que todos deveriam passar um pouco por essa fase de você com você. Talvez, no futuro, isso me renda alguns prejuízos, mas, foi a escolha consciente que eu fiz. Ou, talvez, também não renda em nada, vai saber…

Engraçado que, diferente de você, meu desespero é de chegar em casa e não ter nada para fazer. Gosto de estar no agito, ver gente, viajar, conversar, não gosto de ficar parado. Às vezes penso que nasci para ser do mundo. Meio louco também, não é? Adoro essa sensação de mundo, de viajar, de conhecer gente diferente em todos cantos. Enfim, pessoas e pessoas, e acredite: ninguém deixa de ser alguém espetacular por ter seu jeito e suas manias, o segredo é, apesar de todos empecilhos, continuarmos sempre abertos. Seja a novos conteúdos, vivências, amores ou temakis.

PS: Maaaaaaaaaaaaaaaanda bala e bora comer temaki. O completo, claro haha!

**

Se você quiser enviar suas histórias, seja engraçada, surpreendente, bonita, triste, sexual, de amor, envie para: [email protected] com o título “Papo com a leitora: + Título” e um breve resumo da história antes do texto. Ah, e se tiver mande imagens. Queeeeeeem sabe essa ideia não pega? Ihaaaa

Comentar sobre Papo com a leitora: Angélica, o amor próprio e os temakis com cream cheese