Papo com a leitora: Valdi, o sonho de morar fora e a perseguição da polícia

Bom dia Fred!

Achei muito interessante essa ideia tua de postar algumas de nossas histórias, acredite ou não sempre tive vontade de compartilhar meu mundo contigo e com o mundo :)

Prazer, sou a Valdi e tenho 20 anos – com cara de 15 – gosto de séries, Breaking Bad, Dexter, Homeland, Orange is The New Black, House, How I met Your Mother, gosto de rock, música cubana, pop, eletrônica e house. Desde que a novela América foi ao ar (em 2005), um grande sonho cresceu no meu peito o sonho de ir morar nos EUA, cruzar a ponte de Miami ao som de A horse with no Name, fiz de tudo para ir até lá e realizar meu sonho.

Em 2000 perdi parte da minha família, meu pai, minha avó e meus dois avôs, restou-me minha mãe e mais tarde chegou um presente de Deus, meu irmãozinho, foi difícil mas isso me fortaleceu muito para me tornar a pessoa que sou hoje. Consegui realizar meu sonho, morei nos EUA por um tempo, foi bem difícil e eu fui muito criticada assim como sou hoje quase um ano após ter voltado.

A flexibilidade do meu ex-trabalho – acho difícil chamar de trabalho – poder trabalhar num parque, poder trabalhar dentro do carro viajando para outro estado, poder trabalhar e tirar uma soneca no meio da tarde (delícia). E ser feliz, realizada por ter conseguido realizar o sonho e por ter um trabalho tão gostoso e prazeroso que sempre fez-me acordar sorrindo e agradecendo a Deus.

Depois que voltei não consegui mais focar em nada, acredite em nada mesmo. Faço curso preparatório para o ENEM mas não vejo sentido nisso, quero cursar Engenharia Civil mas sou péssima em exatas, não consigo focar em nada a não ser pensar na próxima viagem, na próxima ida para um lugar desconhecido. Na próxima foto, aventura. Meu corpo todo estremece quando penso em viajar novamente!

Assisti um pedido de casamento na praia no 4 de julho, assisti à uma partida de Baseball, assisti perseguições da polícia igual nos filmes! Chorei, sorri, cai, me machuquei, fiz amizades, me afastei de muitas, viajei sozinha, engordei, emagreci, quebrei meu celular, comprei outro novo, perdi dinheiro, fiz mais dinheiro, fui na parada gay, fui pega pela policia já, me perdi, me achei…

Enfim, Fred, é normal não conseguir se apegar em nada? É normal não conseguir focar nos estudos e trabalho mas sim na próxima viagem? Sou vista na sociedade hipócrita de hoje como “louca, doente, paranoica…” por ter esse jeito assim. Não tenho do que reclamar, amo minha família mais do que tudo nesse mundo, tenho saúde, uma casa, um emprego bom, tenho tudo! Mas não sou 100% feliz estando aqui, sinto todos os dias que não é meu lugar e que preciso voar novamente para longe…

Espero nos cruzarmos qualquer dia desses para tomar um café e comer cookies americanos (podemos fazer waffles ou panquecas, sei que você não curte muito doce) :]

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Faaaaaaaaala Valdi, que gostoso ouvir a tua história e, como se fosse normal, me sentir pego pela polícia haha! Até porque, quem nunca sonhou em ser pego numa perseguição… Só eu? Ok, ok…

Como eu disse semana passada para a nossa querida Joyce: Não há como ganharmos o mundo sem perder um pouco do nosso mundinho. Não sei se já leste a história dela, mas acho que combina muito contigo. Clica aqui e leia. Ou aqui também.

Às vezes sinto o mesmo que você, pois, também sou meio do mundo… E depois que abrimos os nossos horizontes afunila-los é uma missão complicada. E nem acho que devamos. O gostoso é observar tudo como fases. Deixe acontecer, vá vivendo e planejando aos poucos, um pouco de loucura, um pouco de planejamento…  Nessa idade a gente fica essa metamorfose mesmo, e isso é uma delícia. A gente tem toooooodo mundo pela frente, como minha mãe diz: “Vocês jovens parecem que vão morrer com quarenta anos, a vida é construção e desconstrução, todas fases são gostosas…”

Perdi vários amigos também, e até hoje não sei o motivo. E talvez nem queira saber. Mas quando a gente se sente perdido em meio aos nossos sonhos, o afeto e a conversa de quem realmente gosta da gente e nos compreende é o melhor remédio. Essa é palavra: compreensão. Já o julgamento dos outros pouco me importa, até porque não são eles que pagam meu Netflix.

O meu maior medo não é morrer ou perder alguém que gosto, mas sim, morrer sem ter terminado de realizar meus sonhos. Eu sou um sonho que, espero, nunca se vá. E acredite, sobre as panquecas: aceito.

PS: És bonita.

PS¹: Com todo respeito.

PS²: Nem todo.

PS³: Brincadeira, todo sim.

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Se você quiser enviar suas histórias, seja engraçada, surpreendente, bonita, triste, sexual, de amor, envie para: [email protected] com o título “Papo com a leitora: + Título” e um breve resumo da história antes do texto. Ah, e se tiver mande imagens. Queeeeeeem sabe essa ideia não pega? Ihaaaa!

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