Para ler e ouvir: quando foi a última vez que você se sentiu livre?

Não lembro a última vez que me senti livre. No fundo, acho mesmo que liberdade é uma utopia e que se manter firme atrás dela é o que dá sentido para essa coisa toda. Talvez porque, pra mim, liberdade esteja acima do bem e do mal, do certo e do errado, da crença e do julgamento.

Só quem se sente livre (e quer isso para o mundo) consegue celebrar a diversidade. Porque é difícil aceitar, amar ou trazer para perto quem é diferente quando a gente quer que ele mude. Liberdade é deixar que cada um seja como quer ser porque é assim que se é feliz – e só assim é que se é completo.

A liberdade é emocional. Só quando você não está pensando em nada consegue se entregar a um momento com tudo o que tem dentro de si. Não dá pra sentir o vento no cabelo com toda intensidade quando estamos preocupados com o ângulo da selfie. Não dá pra se sentir feliz na companhia de alguém que não aceita as suas opiniões como elas são.

A liberdade também é visual. Quando foi que você foi para a praia sem se importar com o que os outros estavam pensando sobre o seu corpo? Quando foi a última vez que você usou uma roupa confortável e que talvez não combinasse tanto assim sem se sentir vigiado? Cerceamos a liberdade do outro todas as vezes que julgamos qualquer casca ou enquadramos alguém em uma categoria.

Liberdade é o contrário de dependência. Quem precisa do celular, do outro ou de constante reconhecimento para viver acaba não vivendo livre. O melhor filtro continua sendo o olhar de cada um: o que está do lado de dentro encontra sentido do lado de fora. O amor maior é aquele que faz com que os dois tenham plena certeza de que é possível ser feliz sozinho, mas não tenham dúvida de que é melhor viver junto.

Liberdade é falar sem tentar convencer, ouvir sem ter a impressão de querer ser convencido. É calar e gritar. É brigar e amar profundamente. Ser livre não é viver como se ontem e amanhã não existissem, mas é entender que agora é pra sempre. E é isso que importa.

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