“Pra Você dar Nome”

Nasceu aqui em mim uma coisa. Um estranho comichão no peito passou a ser sentido. Uma cosquinha boa ao abrir um sorriso relembrando uma memória. Memória nossa, lembrança sua, história de nós dois. E ainda que seja recente, venho cultivando esse sentimento com todo o carinho. Atendo as necessidades dele e tomo cuidado para não mimá-lo. Não que ter mais de você seja algo ruim. Pelo contrário. Apenas tento mostrá-lo que uma pitada de saudade pode ser bom pro seu crescimento.

Nasceu ali entre o ventrículo esquerdo e um breve pausar de todo o mecanismo do músculo que faz pulsar meu sangue. Hoje sei que, antes de fazer o coração acelerar como um Fórmula Um, essa coisa boa faz tudo ao redor parar. Estou buscando algum nome pra dar a ele, mas posso deixar isso a seu critério. Sei que me preenche espaços vazios e outros que nem imaginava que existiam em mim. Sei que me faz olhar nuvens, imaginar desenhos, buscar teus olhos enquanto pisco os meus. Sei que me faz sentir como se tivesse asas nos pés – só é uma pena não poder voar ao teu encontro sempre que me bate a vontade.

Nasceu devagar e sem pressa. Vem ganhando mais e mais espaço conforme o passar do tempo. Não tem encontrado resistência alguma de nenhuma parte. Até minhas entrincheiradas decepções – prontas para retalharem qualquer invasor – deram total passagem, mesmo não sabendo ao certo o que era trazido do lado de lá. Acho que tudo em mim pressente o bem iminente. Ou, melhor, a sensível mudança boa que foi causada pela sua chegada. Ar mais leve, rotina menos irritante, sorriso mais frouxo, olhar mais esperançoso.

Nasceu aqui em mim uma coisa que talvez ainda não tenha decifrado ao certo o que é. Já disse que posso te deixar dar o nome. Pode ser Amor, pode ser Paixão. Certamente é bem mais que uma simples empolgação. Bem mais que um desejo passageiro. Não sei ao certo, realmente. Só sei que é bom demais. Só sei que somos nós dois. Sentimento lindo, nascido pra você. Por você. Com você.

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