Seja gostosa e deixe que ela também seja

Em todas as capas de revistas, a magreza e suas conjugações (fique magra, emagreça, emagrecimento, emagrecedor…) são atreladas a melhoria da vida. Ao mesmo tempo, a gordura e suas variações (plus size, gordinhas, maiores..) são creditadas a mulheres fortes e determinadas. E, ao invés de aprendermos a ser mais saudáveis ou então como podemos ser fortes, captamos apenas o superficial: somos inimigas uma da outra.

A prova de que não somos o sexo frágil é a violência com a qual agredimos a autoestima uma da outra. Não é incomum ouvirmos gordinhas falando “ah, pra ela é fácil, é só engordar” ou magras dizendo “pra outra é só fechar a boca e fazer uma boa dieta”. Além de exigirmos respeito deles, precisamos urgentemente de mais respeito entre nós.

Estamos ocupadas demais com a barriga da Fernanda Gentil para checarmos se está tudo bem com a nossa saúde? Olhamos para o silicone alheio com vergonha de fazer o autoexame preventivo do câncer de mama? Falamos mal das Scheilas do É o Tchan! enquanto temos vergonha de dançar dois pra lá e dois pra cá por estarmos por fora dos padrões de beleza?

Saúde não é questão de balança, mas questão de qualidade de vida. Conheço magras que têm pressão alta e gordas que sofrem de anemia – e, sim, até nisso conseguimos estereotipar.

Não, algumas mulheres são magras e não engordam porque não conseguem. E nem por isso tem “corpo de menino”. Não, para algumas meninas não é “só fechar a boca” para emagrecer. E, ainda bem que elas existem, existem magras que amam ser magras e gordas que amam ser gordas. O que gera toda maldade é a comparação. É o que foi mais, menos, melhor, pior, maior ou menor do que o outro. Somos todas perdedoras quando o inimigo é mal pensado.

O que nos faz contribuir para esse combate são as coisas pequenas. O comentário “ele é demais pra ela” com as amigas, por exemplo. Quantas vezes eu e você já fizemos? Quantas vezes nós já não contribuímos com uma fofoca desse tipo – seja começando ou levando isso pra frente?

Só existirá uma guerra para provar qualquer coisa a qualquer um se não conseguirmos olhar para o espelho e ver que ali se reflete uma mulher gostosa, independentemente do número que mostra a balança.

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