Sobre homossexualismo, pretos, aleijados, mendigos e gordos – Semântica não muda atitude!

por Léo Luz

Quando eu era mais novo, nos anos oitenta e noventa, palavras como homossexualismo, aleijado, preto, gordo, mendigo ou deficiente físico eram comuns. Não só eram comuns como não ofendiam ninguém. Até que alguém convencionou que, já que o Brasil não faz nada pela minoria, iríamos pelos menos discutir semântica. Homossexuais, gordos, mendigos, pretos e deficientes continuariam penando para terem seus direitos garantidos, mas agora, pelo menos, seriam chamados por termos “respeitosos” que fizessem eles sentirem-se mais importantes.

Vamos por partes. Nos Estados Unidos, aleijado é aleijado, preto é preto, gordo é gordo e mendigo é mendigo – homeless. E alguém acha que aqui o governo trata as minorias melhor do que lá? Dizer que o sufixo “ismo”, por exemplo, denota doença é algo tão burro e pequeno que só posso entender que seja intencional. Até onde eu saiba, jornalismo, naturismo, modelismo, cristianismo não são doenças nem representam nada próximo disso. Logo, se você se ofende com “homossexualismo”, você precisa ler um pouquinho mais e aceitar menos as bobagens que cospem por aí. Ou começar a fazer algo de verdade ao invés de patrulhar semântica. Isso sem falar que vejo muito mais pessoas heterossexuais defendendo esse argumento raso do que gays propriamente ditos. Idem para negros, deficientes etc. O argumento que antigamente se achava que o homossexualismo era doença não justifica esse argumento burro e mal intencionado. Muito menos justifica o fato de racismo e machismo serem grafadas com o sufixo “ismo”.

Com relação a “preto”, “deficiente” e “mendigo”, os argumentos são ainda mais tristes. Chamar alguém de “portador de necessidades especiais”, “negro” ou “cidadão em situação de rua” minimiza a situação deles? Brigar por esse tipo de semântica burra é tratar as minorias como imbecis indefesos que precisam de qualquer detalhe a seu favor para não se sentirem párias sociais. Mas, infelizmente, o Brasil é o país onde ninguém tem preconceito mas você não vê pretos de dreadlocks trabalhando em lojas de grife ou em cargos altos em empresas. O Brasil é o país onde as pessoas ainda acham, em pleno ano de 2013, que a semântica vai mudar toda uma hipocrisia escondida por trás de sorrisos tão amarelados. Enquanto isso, nos Estados Unidos, os hadicapped, criples, blacks, fat people, homeless e pessoas que falam homossexualism têm seus direitos cada vez mais reconhecidos e estão cada vez menos preocupados com a semântica. E nós, aqui, pegamos nossa filha dando pro namorado no sofá da sala e resolvemos o problema vendendo o sofá da sala.

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