Todo recomeço é difícil para quem precisa sufocar um amor dentro de si

por Matheus Rocha

Eu sei que já faz um bom tempo desde que nos encontramos assim, de frente um para o outro. Para ser sincero, faz tempo demais, mas precisava te ver de novo, te olhar no fundo dos teus olhos e contar tudo aquilo que passei desde aquele final trágico até os dias que se seguem. Já te adianto que agora estou feliz. Muito mais do que você poderia acreditar.

Todo recomeço é difícil para quem precisa sufocar um amor dentro de si. É que sempre existe alguém que não queria que aquela história chegasse ao fim. Eu não queria. E quando, apesar dos pedidos de – fica mais um pouco – o outro vai embora, deixa pelo caminho um rastro de saudade, deixa um pouco do perfume nas ruas, nos travesseiros, deixa para trás uma rotina, músicas que falam de diversos momentos, certos costumes que costumam demorar a parar de fazer sentido.

E nós, os que ficamos, precisamos lidar com cada dia como se fosse o último para parar de sofrer e o primeiro para começar a esquecer. Custou muito para que esse dia chegasse. Costumo dizer que paguei pelo nosso amor com todo centavo de lágrima e correção monetária que você ou qualquer outra pessoa possa imaginar. Mas agora (respiro fundo), paguei a última parcela. Já não devo mais nada. Nem sequer um soluço.

Hoje, querido eu do passado, queria te dizer, aqui, de frente para o espelho, me olhando e te olhando nos olhos, que você tinha razão – passou. Reconheço que não foi tão rápido, não foi tão fácil viver tantos dias até o agora, mas ei – estamos livres! O amor já não é mais um peso. Pelo contrário. O amor, hoje, me emprestou suas asas para que eu visse um céu estrelado nos olhos de outro alguém. O amor, agora, é o responsável por novas lágrimas. Dessa vez, felizes. A gente sempre diz que – nunca mais – mas, quando notamos, o amor já nos fez eternos apaixonados novamente.

Comentar sobre Todo recomeço é difícil para quem precisa sufocar um amor dentro de si

  • Franco disse:

    Como foi difícil mas, vc tinha razão, precisava ser assim, abrupto, estirpado sem a mínima piedade. Esmagado pelo próprio narcisismo. Sigo, não sem a cicatriz que me acompanhará pra sempre. Mas ciente que foi o maior amor do mundo. Adeus maiala