Um romance fora das páginas

Você me conhecia. Até bem demais, e, por vezes, melhor do que eu mesma. Você sempre prestava atenção em tudo o que eu dizia, nos mínimos detalhes e os usava como motivos para me surpreender.

Lembro de um dos nossos primeiros encontros como se ainda estivesse me arrumando para ele. Você me ligou e disse: “Coloca uma roupa confortável, pega aquele seu caderno bagunçado, que estou passando aí para te buscar”.

Perguntei aonde a gente ia e você só me respondeu dizendo que eu iria gostar. Fomos parar na biblioteca do meu antigo colégio. Nem me perguntei como você tinha conseguido autorização para gente entrar lá.

Eu estava tão feliz por estar ali com você que isso ocupava toda a minha mente. Você era o meu melhor amigo, antes de ter sido o meu primeiro amor.

Ali, em meio a livros contando tantas histórias, você disse: “Eu sei que você ama livros, se apaixona por personagens e imagina um amor digno de ser encontrado em uma dessas prateleiras, então, eis a sua chance. Escreva o que você imagina nesse seu caderno e eu vou esconder as páginas aqui, em algum lugar”.

E assim você fez. “Você não vai ler?”, perguntei. “Não. Não quero seguir um roteiro com você. Você sabe que odeio regras”. “Então por que quis que eu escrevesse?”. A sua resposta, eu tenho guardada até hoje no meu coração: “Agora, você já tem o seu romance no papel. Eu vou te dar um na vida real”.

E você me deu e foi lindo e superou todas as minhas expectativas. E eu sinto saudade. Todos os dias. Mas eu sei que somos eternos, somos história e você é e sempre vai ser o meu personagem preferido.

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