Estou apaixonado, e agora?

Meu Deus, ela é a mulher mais bonita que eu já vi em toda a minha vida. Cacete. Linda e com cara de quem não dá papo pra ninguém, adoro mulher assim. Linda, séria, cara de inteligente, mas que deve morrer de rir vendo o episódio do Festival da Boa Vizinhança do Chaves. Pensativa. Profunda sem ser chata. Meu número! Compenetrada, fiz várias piadinhas, ela riu mas sem perder a compostura, sem perder o foco do trabalho dela. Adoro. Será que tem namorado? Não tem aliança, raramente a vejo falando ao telefone. Se tiver namorado ele não deve dar muita atenção. Como eu puxo papo? Na cara de pau? Finjo alguma coisa? Já sei, vou inventar que conheço alguém que conhece ela. Minha memória é péssima mesmo, ainda se fosse verdade eu nunca lembraria o nome da pessoa.

Peço o telefone? Direto demais. Vou adicionar no Facebook do nada e puxar papo. É só não parecer muito psicopata. Linda, linda, Jesus Cristo. Se eu chamar pra jantar, será que ela aceita? Cinema é menos acintoso do que jantar, não? Jantar tem um teor mais romântico. Porra, mas cinema também. Pode assustar. Ela tem que perceber que eu quero ficar com ela, mas sem se assustar. O suficiente pra eu perceber que, se ela fugir, ela não quer nada comigo, mas se ela continuar a conversa, eu tenho alguma chance. Puta que pariu, que que eu faço? Facebook. Adicionei, pronto.

Porra, eu tenho três gatos, e se ela for alérgica a gatos? Google: “alergia a gatos tratamentos cura”. Merda, não tem cura, mas tem tratamento. Vou ligar pro meu médico pra saber como é. E se ela não gostar de gatos? Ah, isso se contorna, eu também não gostava. O Ringo é um gato fofo e carente, é ótimo pra tirar trauma de gente que tem medo de gato. Droga, a minha casa tá uma zona. Será que a Dora pode vir hoje fazer faxina? E se ela não puder? Será que ela indica outra pessoa?  Pra hoje ainda? Pelo menos eu troquei a areia dos gatos ontem. Ela tem cara de quem adora praia. Merda, odeio praia. Mas eu acompanho, não tem problema. Tomara que ela não queira que eu entre no mar, me cago de medo. E se ela quiser viajar comigo? Eu não ando de avião! É ridículo demais admitir que eu não ando de avião ou eu finjo que não tem nada e vou na coragem?

Será que ela tem algo contra ter um filho com o nome de Luiz Fernando? Eu comecei a escrever por causa dele, queria fazer essa homenagem. Veraneio ou serra? Ela tem cara de praia mesmo, vai adorar Iguaba! E meu jipe, será que vai agradar? É duro, desconfortável, mas eu pareço mais aventureiro nele. Eu sei que a maior aventura que eu já fiz com ele foi subir uma calçada pra fazer um retorno proibido, mas ela não precisa saber disso. Ela gostaria dos meus amigos? Vai reclamar do vídeo game? O que será que ela gostaria de ganhar de um ano de namoro? Nada caro, ela parece gostar mais de coisas feitas à mão, com carinho. E a lua de mel? Eu não ando de avião, tem que ser algum lugar mais perto. Vou falar que prefiro uma coisa aconchegante só pra não ter que andar de avião. Meus brincos! Porra, eu pareço um adolescente de brincos, vou tirar essa porra! Mas Luiz Fernando é um bom nome. Combinamos assim: se for homem, Luiz Fernando, se for mulher, ela escolhe. Mas e se ela for Riponga e gostar de nomes como Morena, Lua ou Shiva? Tá bom, tá bom, eu troco pelo Luiz Fernando.

Mas como eu puxo assunto? Meu Deus, o que eu faço? Telefone, não. Facebook, pode ser. Mas o que seria melhor? Telefone todo mundo pede, Facebook qualquer bêbado na balada tem coragem de pedir. Eu preciso de alguma coisa que faça ela aceitar Luiz Fernando e a lua de mel em Iguaba! Alguma coisa diferente, que não me obrigue a ir lá falar com ela – porque eu sou tímido – mas que também não pareça idiota demais. Já sei, vou escrever um texto!

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