O azul da Califórnia e a sabedoria vinda do mar

“Nada é o que parece ser. O mar de longe é azul, de perto é verde, por dentro, transparente. Aparentemente, tudo é diferente do que realmente é. Eis então o segredo para não julgar: em vez de olhar o mar de longe, mergulhe.” 

Mar e frio. Eu nunca achei que eles combinassem, mas a brisa do Pacífico pode virar poema caso você esteja envolvido por uma malha daquelas bem confortáveis que te protegem da tristeza. O mar de olhar é platônico e fotogênico, e de tão cúmplice faz silêncio enquanto desabafamos. Olhar o mar a dois é dividir com alguém uma mesma visão cheia de reviravoltas que se desmancham em ondas, é discordar de quem está ao seu lado em plena cumplicidade. Cada par de olhos é uma testemunha única, o oceano nunca se revela igual, mesmo se visto simultaneamente por inúmeros observadores. No calor o mar recebe, no frio o mar recolhe.

Em Venice Beach (Los Angeles) mar e céu parecem siameses. Um é espelho do outro, não sei quem copiou quem. Mas lá, é assim que o azul se revela. Ele não é arrogante e até te convida pra sentar, é um azul exibido, mas que puxa assunto logo de cara e deixa de lado qualquer impropério. E as pessoas? Em Venice os encontros na areia não parecem coincidência e os pássaros, quem diria, não ouvem conversas. Um segredo: eu afirmo que é nessa praia que os Marcianos costumam passar as férias, disfarçados de humanos, claro!

Santa Mônica (Los Angeles) é uma praia demasiadamente cool e mesmo lotada do barulho turístico, agrega leveza ao horizonte. O parquinho de diversões é daqueles que ajudam as fotos a ficarem fofas e românticas; é a alegria da geração Go-Pró. Mas a graça de lá é ir até o fim do píer, e olhar quem está ali pescando. Gente alheia ao show de distrações e luzes que concorrem com o mar por atenção. Conseguir se concentrar ali, agrega uma espécie de silêncio meditativo aos olhos.

Ocean beach (San Diego), um pôr do sol misterioso, alucinante e uma areia enfeitada de rabiscos e desenhos. Pisar ali é renovação energética e injeção astral. Uma sagração promovida pelo laranja e o azul. Promessas vindas do alto e uma luz que distribui ternura para toda e qualquer câmera. Abuse ali de fazer pedidos, a sensação é de que alguém te ouve, não sei quem, mas você se sente convidado a sorrir e ao mesmo tempo se livrar dos seus excessos. Pensar que aquele lindo sol se despede de todos e que distribui beleza sem escolher a quem. Você não é único no mundo, mas os momentos são.

No frio, o mar talvez pareça não estar tão perto, mas ele está. Ele apenas não molha, mas abraça. Abraços às vezes não encostam. Abraços vêm inclusive disfarçados de empurrões.

Comentar sobre O azul da Califórnia e a sabedoria vinda do mar

  • World is much better then USA shows us disse:

    Nada disso se compara com a beleza da nossa linda costa Brasileira… deixe aos gringos o muito custo na propaganda, de ver o que eles veem, prefira ver o diferente, e no mundo é há muitas diferenças. Quebre a bolha e sai dessa brisa azul forçosa e vem mergulhar no colorido… o mundo o aguarda!