Quem não tem medo de amar?

Aquele que não tiver medo e conseguir explicar direitinho seus motivos e porquês, desenvolvendo um jeito de colocar na cabeça das pessoas que não precisam carregar esse receio, ganhará um Nobel. Ou qualquer outro prêmio que tenha o poder de resumir a gratidão de toda humanidade. Queria muito poder estar aqui para ver isso um dia, mas acho que qualquer um ainda está muito longe de conseguir esse feito.

Amar ainda dá um puta medo.

O que mudou, então, no “modus operandi” dele nesses últimos tempos? Bom, Projota já diz que sente falta de 90 e pouco, uma era pré-boom da internet e onde não colocávamos toda a nossa vida nela. É bem verdade que só falávamos com pessoas do nosso bairro, não tínhamos tantas chances de encontrar alguém de longe e o nosso mundo era algo muito menor.

Hoje, a sensação que tenho é que podemos cruzar com qualquer pessoa pelos sites de relacionamento, pelos Faces, Instas, Youtubes e afins, que nos faz conhecer MUITA gente bacana, postando fotos legais, com filtros maneiros e sendo dez mil vezes mais interessantes que aquelas que convivem diariamente conosco. Num resumo: a vida real se torna café com leite perto do que vemos na rede.

Isso impacta diretamente no amor. O sentimento precisa de uma ligação, de uma sintonia. Tendo tantas alternativas de encontrar quem estabeleça essa conexão, criamos a tendência “Baumaniana” de sempre buscar alguém melhor. Com tanta gente sendo “perfeita” nas fotos, ficamos com a sensação de que sempre existirá alguém que nos entenda mais fácil, alguém que não tenha tantos defeitos, que não tenha tantas histórias ruins, alguém que possa nos livrar dessa vidinha mais ou menos.

Alguém em quem podemos nos jogar sem medo.

Essa perfeição toda não existe, mas também não acho que a internet tenha vindo apenas para atrapalhar. Pelo contrário,conheço muitos amores que só aconteceram e se mantém por causa dela. Como quase tudo que aqui está, pode ser usada tanto para o bem quanto para o mal. Pode ser que reforce a insegurança das pessoas, mas se torna o único meio de seguir juntas para outras.

Acho que o medo vai sempre existir. Seja porque você não se acha o bastante para aquela pessoa, seja porque rola um receio em ser rejeitado, seja porque vocês mal se conhecem e você não sabe como será a convivência. Ele vai estar lá, sendo bobo ou não, sendo idiota ou não, mas sendo sempre necessário. Porque todo esse medo revela o quanto se tem para amar.

As respostas para as suas inseguranças não virão num belo dia tomar café e te dirão o que fazer dali pra frente. Os traumas vividos não serão apagados assim que uma nova atualização de “status de relacionamento” aparecer. Todo carinho se comprova e age no tempo, levando mais tempo ainda para dissolver dúvidas e ratificar certezas. E, no meio disso tudo, ainda pode rolar aquele pézinho atrás.

O que dizer? Deixo a sabedoria popular reiterar:
“Vai! E, se der medo, vai com medo mesmo.”

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