Teu pedido de tempo, sem tempo

Antes de mais nada, desculpa. É que eu não sou maduro o suficiente para, simplesmente, fazer de conta. Fazer de conta que não doeu, que não sinto saudades, que me acostumei com a falta que você me faz. Que está tudo bem. Para ser sincero, não tá. Mas… Não se preocupa, eu já vi esse filme antes. No final dele, o mocinho vira a página, arruma um amor e segue em frente. Os vilões, ops, esses sempre acabam sozinhos.

Pelo menos, é isso que todo mundo anda me dizendo. Que você não me merecia. Que você vai sofrer mais do que eu. Sério? Será mesmo? Confesso que daqui, de onde minha visão permite alcançar, não vejo todas essas voltas que o mundo, aparentemente, com toda a certeza que tenho tentado aprender a ter, vai dar.

Até pouco tempo atrás, custava entender duas coisas que você me disse: teu adeus sem volta; teu pedido de tempo, sem tempo. Hoje, tudo faz sentindo — algumas pessoas, simplesmente, inventam desculpas esfarrapadas quando não sabem dizer que o amor acabou. Sim, ele acaba. Mas só onde um dia existiu.

Revendo todas as nossas conversas, as nossas mensagens trocadas, e sim, eu faço isso, quem não faz? Claro, você. Mas, pulando essa parte, percebo que eu sempre fui o que corria atrás. O que pedia desculpas mesmo sem ter culpa alguma. O que fazia, de repente, ficar tudo bem. Que estampava um arco-íris no céu, logo após cada tempestade (no copo d’água) que você criava.

Acho que a gente deixou de andar para frente quando percebi que estar com você era como andar de costas. Assim… Dizem que faz mal. Para ser sincero, percebi que sim. Falta a visão de futuro, o olhar em frente. Fitar, por exemplo, o mar. Era como lidar com o inesperado o tempo todo. Torcendo para que uma pedra, uma palavra ou um sentimento teu, não me fizesse tropeçar. Cair. De bunda. Isso. Esperando o tempo todo por um pé na bunda. Um adeus sem volta. Um tempo, sem tempo.

E ele veio. E veio quando eu menos esperava. Mas não tem problema, não. O jogo vai virar. E olha, não te desejo mal algum. Nem sequer o sofrimento pelo qual eu passei, tenho passado, vai passar. Eu sei que vai. Ainda vamos rir disso. Sou evoluído demais para manchar meu peito com qualquer rancor. Se tem uma coisa que eu aprendi na vida, foi a usar momentos como este de escada. Sou um bom aluno. Eu sei aprender a dar a volta por cima. Me reinventar. Nasci assim, meio fênix.

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