Vai sorrir por aí e me larga

Não me interessa por que bares você tem andado. Ou quem tem comido. O que me interessa é que tomei uma multa que preciso pagar, tem xícara suja na pia e meu cachorro tem chorado durante a noite. Se o seu cabelo cresceu, se você finalmente comprou um carro, se a camisinha estourou uma noite dessas; problema seu.

Eu, no momento, estou bem focada num pedacinho de carne que se meteu num dente lá do fundo e tá difícil de arrancar. Sério, foda-se se a sua mãe agora mora na sua casa, se a sua pressão tá alta, eu não quero saber. Prefiro gemer de dor enquanto a cicatriz da pinta que tirei do peito não fecha. Porque sua vida não me interessa.

Eu poderia minimizar todas as suas abas e te deletar socialmente, mas eu não preciso mais de drama. Eu preciso é cortar as unhas e passar um belo rímel, isso sim. E o mesmo digo pra todo mundo: abracem todas essas informações inúteis e presenteiem desocupados, porque eu tenho um texto pra escrever. E tenho que encher o tanque do carro, o pneu da bicicleta e a minha cabeça com qualquer coisa que não tenha a menor relação com a sua insignificância no meu mundo.

Estamos combinados? Vai sorrir por aí e me larga. Sai daqui do meu quarto, vaza. Seu cheiro não me diz mais nada. Pega sua trouxa, a próxima trouxa e vai passear. Bate a porta, tranca a porta e joga a chave onde você quiser. Eu não vou perguntar. Não me interessa. E o céu tá com essa cara de chuva e tem tanta roupa no varal, tanta cor estendida, tanta coisa que eu tenho de recolher antes da chuva levar…

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