Você se tornou o meu emoji esquecido

Hoje é um domingo de junho, bem chuvoso e frio, e de todas as coisas que poderia me lembrar ao abrir os olhos, fui lembrar logo de você. Por quê? Você só aparece quando quer e quando lhe convém. Sempre que eu te procuro ou mando uma mensagem, você é completamente ríspido comigo. Juro que não te entendo. Toda vez que estamos juntos não há só um momento em que eu pare de sorrir. Você me alegra. E por mais que eu tente guardar apenas essas boas recordações na memória, elas vão se apagando com o passar do tempo. Você não é alguém presente. Nem pessoalmente e muito menos virtualmente.

Minha memória não pode guardar algo que não vejo e nem ao menos sinto. Você está sumindo aos poucos – como aquele emoji que sempre aparece nos recentes e quando deixa de ser usado, desaparece. E raramente nos lembramos dele depois.

Você se tornou o meu emoji esquecido.

De todas as atualizações do whatsapp, poder personalizar o toque dos contatos foi a melhor. Você tem um toque especial lá. Quando ouvia, sabia que era você; e eu corria para te responder no mesmo instante. Corria porque era tão difícil conseguir te ver ou falar com você, que eu não hesitava em responder na hora. Tem gente que faz esse joguinho, mas eu não conseguia ver seu contato com uma mensagem não respondida.

Tentava justificar na minha cabeça o motivo para você sumir tanto. Sempre tentei acreditar que estava estudando, trabalhando, cansado ou cheio de coisas para fazer. E que no pouco tempo que tinha livre, iria aparecer. Só que as coisas não funcionam desse jeito. Quem quer arruma nem que seja um minuto do seu dia para se fazer presente, mas se tem uma coisa que você faz como ninguém é ser ausente. Já postei mil fotos esperando para ver se você ia curtir. Já abri o spotify várias vezes na intenção de ver se você estava ouvindo música naquele momento. Perdi as contas de quantos stories postei no instagram te dando a oportunidade de respondê-los para fluir uma conversa.

Mas você nunca aparecia.

E então eu desisti.

Te dei uma última chance postando um storie que você sempre comentava; você viu, mas não apareceu – e foi a gota d’água para mim. Era o fim. Não ia mais colocar você num pedestal e te tornar tão especial quando você não está se importando nem um pouco. Deixei o celular de lado porque já não fazia mais diferença se você estava online ou não. Escolhi um livro que amava e, acompanhado de uma taça do meu vinho preferido, comecei a ler. Foram 6 capítulos – olha que irônico já que fazem 6 meses que você entrou na minha vida.

Eu ouvi tocar e sabia que era você, mas meu livro acompanhado do vinho estava bem melhor do que uma conversa que acabaria em trinta minutos – e demoraria uma semana para acontecer outra.

Antes, o seu toque era diferente para eu saber que era você e te responder. Agora, ouço e sei que não preciso ter pressa porque não é importante. Você não é mais tão especial quanto antes. Demorei os 6 meses que estava com você para notar, mesmo com todos os sinais que você dava. E quando finalmente me libertei, bastaram 6 capítulos lidos em pouco mais de uma hora para sua mensagem chegar. Naquele instante eu já havia acabado o capítulo 6 – era a última linha quando o celular tocou.

E então eu virei a página. Não só a do livro, a sua também.

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