Amigos sem benefícios

Esse texto não vai ter um final feliz, depois não digam que não avisei. Nos conhecemos pela internet, faz uns seis anos. Você comentava bastante no meu blog, eu puxei assunto e ficamos amigos. Saímos e, logo da primeira vez, ficamos. Pra mim era o início de uma bela e eterna história de amor. Eu estava tão certo quanto o dono da gravadora que recusou o primeiro disco dos Beatles. Foi divertido, intenso, sexual. Demorei vinte minutos pra me apaixonar. Você não se apaixonou até hoje. E contando.

E essa sempre foi a nossa tônica, eu caído por você, você caída por mim nos minutos em que estávamos juntos. Era raro nos vermos e não ficarmos. Raríssimo. Como diria o narrador de Max Payne, a tensão no ar era tanta que era possível cortá-la com uma faca. Acabávamos sempre nos engalfinhando em alguns minutos, e eu ia para casa sonhando com uma mensagem romântica sua, o que nunca aconteceu. Mas eu descobri o porquê disso tudo. Não é porque você é, nas suas palavras, uma vadia sem coração. Você até é, mas não é só por isso.

É que na sua cabeça, nós nunca daríamos certo, logo, isso nunca foi um pensamento pra você. Nós dois como um casal, tendo algo além de “amigos com benefícios”. E, como você achasse que não havia nenhuma chance de darmos certo, isso nunca ocupou a sua mente. Já a minha… Eu sempre pensei, como diria a sabedoria popular, 360 graus diferente de você. Eu sempre vi futuro na gente, sempre achei que nossos defeitos se encaixavam, que nossas carências se complementariam, e que a faísca que sai quando nos vemos se manteria no ar durante muito e muito tempo. E graças ao fato de eu pensar assim, isso povoou a minha mente por muito tempo. Entre namoros, meus e seus, você sempre reaparecia e eu sempre lembrava de o quanto eu apostaria na gente.

Mas você nunca apostou, e sempre preferiu mandar o status quo do que arriscar, mesmo nos parcos momentos em que você esteve mais a fim de mim. À bem da verdade eu já me conformei, como diria a minha avó, o que não tem remédio, remediado está. Já parei também de ver vontades e desejos ocultos nos seus mínimos gestos ou falas, porque estes gestos e falas não fazem a menor diferença, no fim do dia. Faria diferença você, se tivesse vontade, tentar. Se tivesse vontade, ficar. Se tivesse vontade, acreditar no meu sempre bom olho para apostas. Mas, como eu te prometi, isso é passado e ninguém vai mais ter que apostar em nada. Quando um não quer, dois não se engalfinham. Seja qual for o motivo. Amigos? (admito que não negaria alguns benefícios proibidos para menores)

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