Etiqueta humorada: 13 dicas para você não ser um amigo sem noção

Acaba de sair mais uma daquelas pesquisas encomendadas pelo instituto benesiano de neurociência e comportamento. Ela é baseada no universo vivencial de quem vos escreve e na queixa que meus amigos fazem sobre outros amigos. Então resolvi dividi-los com vocês esses dados. A pesquisa aponta que mais da metade dos amigos que convivemos podem deslizar em algum dos itens listados abaixo, inclusive o autor. Apesar desses bons conselhos, também é parte envolvida nesse aconselhamento prático e revolucionário que ambiciona ajudar ao mundo nonsense, mas assim, são apenas sugestões. Aos amigos, tudo aqui nesse post é meramente ficcional.

1 – PEDIR UM PEDAÇO, DAR AQUELE MORDIDÃO E AINDA CRITICAR

Nada, pior do que seu amigo estar ali, num momento sublime, comendo a sua Inhá Benta tradicional – supondo que vai, é o doce preferido dele, além de caro e pequeno. Daí você pede pra provar – até aí nenhum problema – e dá aquele mordidão de tirar a metade do doce. È quando acontece a tragédia. Você já mordeu metade da contemplação alheia e por algum motivo não gostou do doce. Jamais exponha verbalmente que não gostou, ainda mais com frases do tipo “nossa, num curti!” ou “que treco ruim”, principalmente se não lhe for perguntado. O seu amigo vai no mínimo ficar puto de ter gastado metade da felicidade dele com alguém que não soube valorizar o seu ato de altruísmo.

2 – DAR LIKE NO OPONENTE DO AMIGO EM BARRACO VIRTUAL

Tudo bem, você num gosta muito do que o seu amigo escreve, ele polemiza demais, e você ainda não tirou o camarada do seu feed. De repente, começa um barraco desse amigo com alguém na caixa de comentários dele. Supondo que o tema da briga não seja algo muito relevante na sua vida, e que o seu amigo não tenha dito algo muito grave, pense bem em curtir apenas o comentário sagaz do oponente. Ele provavelmente vai achar que você está botando lenha na fogueira e pior, está “torcendo” para outra pessoa.

3 – NÃO APOIAR NA ALEGRIA

Dia desses a atriz Maria Ribeiro soltou um pensamento genial durante o programa Saia Justa da GNT. Disse que amigo mesmo não é aquele que está do seu lado quando você está mal, mas quando você está bem. Calma, não me xinguem. O que ela quis dizer é que muitos amigos quando se deparam com a sua tristeza, cultivam aquele prazer sádico de te oferecer ajuda, mas por dentro vibrarem por se enxergarem numa vibe melhor que a sua. Acontece mais do que imaginamos, é muito comum, faz parte da nossa natureza comparativa. Agora, amigo mesmo é aquele que te vê bombando, dando certo em algo e vai lá, te apoia, dá like, comemora junto com você, aceita o seu sucesso. Tenho amigos que fazem questão de apenas fazer um comentário ao invés de dar like em todos os textos seus, só pra num dar ibope ou endossar seu “sucesso” quantitativo. Claro, que a gente num é obrigado a sair distribuindo like por caridade, e tem amigo exibindo post troféu todo santo dia, mas esse caso explicita bem, como às vezes o nosso sucesso pode incomodar alguém, nesse nível, do “poupar like”.

4 – NÃO DEVOLVER O LIVRO

Essa é clássica. Você fala que está apaixonado por um livro, seu amigo pede emprestado e nunca mais devolve. Claro, que é super cool o desapego, e muitos amigos emprestam e nem ligam para a não devolução, até esquecem. Mas quem decide sobre isso ser empréstimo ou doação é quem empresta, não quem não devolve. Eu, por exemplo, tenho imenso apego aos meus livros, e morro de vergonha de ficar cobrando que a pessoa me devolvam. Ou seja, além de ter “surrupiado” o livro, você ainda coloca a pessoa numa situação constrangedora, já que ela vai sentir-se mal de pedir de volta, o famoso esquecimento culposo.

5 – ESPECULAR A VIDA FINANCEIRA DO AMIGO 

Poucas coisas são tão cafonas quanto você ficar fiscalizando junto de terceiros, a vida financeira do seu amigo. É muito comum você culpar o outro pelas suas frustrações financeiras. Criticar o amiguinho por ele estar viajando pra Europa e você ter feito outras escolhas com o seu dinheiro. Não gosto de atribuir todo tipo de crítica à inveja, mas na maioria esmagadora das vezes é esse o caso. Você não acha ruim ele ter conquistado algo com o próprio salário ou mérito, você acha ruim não estar no lugar dele. Não estou entrando aqui no mérito de privilégio, desigualdade social, nem nada disso, aí entramos em outro assunto. Estou falando de gente que possui uma situação financeira parecida à do amigo criticado. Eu tinha um conhecido que ficava criticando as aquisições dos outros, criando hipóteses sobre como fulano comprava isso ou aquilo, se era “PAItrocínio” ou não, mas ele mesmo levava uma vida sossegada, gostava de sombra e água fresca. Morava num apartamento em Pinheiros com aluguel de dois mil reais bancado pelos pais que viviam no interior e ninguém nunca o via trabalhando. Ele achava que a autossuficiência estava no fato de apenas morar sozinho, sem se bancar. E você encontra milhares de impostores da independência por aí, os pais ajudam, mas a pessoa ostenta uma suposta autonomia que não tem e insiste em questionar a receita financeira do amiguinho. Entenda: o mundo não funciona baseado no que o seu umbigo coloca como parâmetro pras coisas. Amigo, melhore!

6 – ENCOMENDAS BIZARRAS PARA VIAGENS

Seu amigo está prestes a viajar, e começam a pipocar pedidos de encomendas, dos mais absurdos. São aqueles pedidos ou inconclusos ou muito complexos do tipo: “você traz pra mim uma camiseta verde com desenho de uma caveira dançando frevo? Pense assim: seu amigo está indo a uma viagem de lazer, e é totalmente incomodo mudar de rota pra ficar procurando algo pros outros. Ele está indo apenas com um mochilão e vai fazer diversos deslocamentos carregando peso, leve em conta que você não deve ter sido o único a fazer um pedido, mas se você ainda assim tiver essa liberdade, nunca peça algo que vai fazer muito peso ou muito volume na mala dele. Se você quer algo muito especifico, tome o cuidado de mandar um Google Images com a imagem clara do produto e se souber onde achá-lo, melhor ainda – eu adoro essa pró-atividade. Seu amigo tá indo com dinheiro contado, e você não toma nem o cuidado de perguntar se ele não quer que você acerte antes. Na dúvida, já dê a bufunfa antes. Seu amigo vai te adorar para todo sempre. Não tem problema pedir, mas seja criterioso, facilite a vida de quem vai facilitar a sua.

7 – INFLACIONAR A MESA PORQUE VAI DIVIDIR IGUAL A CONTA

Essa acontece mais do que imaginamos. Todos combinam de jantar, alguns não bebem álcool, e sempre tem um que manda ver nos drinks e nas brejas porque sabe que no fim todo mundo vai repartir o prejuízo. Peça o que quiser, mas não obrigue os outros a dividir igual caso não isso não seja uma convenção bem conversada pela turma. Dividir igual é justo e bacana quando todos consumiram basicamente itens equivalentes, tipo jantaram e pediram uma ou outra bebida. Não estou falando de diferenças de 15 reais, não tem nada mais chato do que mesa que pega a calculadora e começa a fazer as contas minuciosamente por diferenças ínfimas de valor. Estou falando de quando alguém consome 50, 70, 100 reais a mais, e acha justo que todos arquem com o seu abuso. Muitas vezes na mesa nem todos tem uma situação financeira parecida, tem gente que vem decidida a consumir algo mais barato, por economia e de repente se vê constrangida de se opor a divisão de conta. E não me venha com “ah, mas pessoa quando vai num restaurante sabe muito bem a estimativa de gasto dela”. Ela sabe quando o gasto é individual e é muito segregador você limitar a presença de uma pessoa porque ela tem menos recursos do que você. Agora, se você tem aquele grupinho fixo de happy hour semanal, e existe um pacto implícito sobre sempre dividir a conta, sem restrições, aí meu amigo, simplesmente não vá ou abrace o prejuízo.

8 – IMPOR SUAS VISÕES DE MUNDO OU SABER O QUE É MELHOR PRO OUTRO

Nada é mais chato do que alguém que está sempre certo, que precisa ganhar todas as discussões e que se altera quando vê que está perdendo nos argumentos. Ouvir o outro de forma respeitosa, discordar com cuidado e debater sem arrogância é um belo exercício de acréscimo intelectual. Você acha que sabe, mas a verdade é que você nunca sabe o que é melhor pro vizinho. Você às vezes pode dar conselhos baseados na sua religião, na sua ideologia política, ou em crenças que são apenas suas. Você pode até usá-las, mas caso lhe seja solicitado. Nada é pior do que se intrometer na vida do outro sem que ele tenha te pedido, a não ser que você ache de extrema valia, tipo algo emergencial e olhe lá. Sinceridade sem licença pode ser uma desagradável invasão.

9 – PEDIR CARONA FORA DE MÃO EM CIMA DA HORA NO FIM DA BALADA

Vivo pensando que talvez esse seja o meu lado mais egoísta. Eu não ligo de dar carona, ainda mais se for caminho. É bom demais voltar conversando com alguém pra casa. Mas existem casos em que você está só o pó, cansadão, naquele fim de balada, e alguém de repente pede uma carona de supetão, daquelas bem fora de mão. Poxa, custa avisar ou pedir antes? Você acaba se sentindo responsável pelo outro, sendo que ele provavelmente sabia desde o começo que não tinha como voltar pra casa. Tem sempre aquela pessoa que te olha com cara de gato de botas do Shrek e claro, você se sente culpado. E quando essa carona implícita vira hábito? As pessoas passam a te tratar como taxi, sem nunca dividirem um estacionamento, oferecerem ajuda na gasosa, ou simplesmente mandarem aquela mensagem gentil perguntando se você chegou bem. Por via das dúvidas, antecipe sua necessidade, o problema não é pedir carona, é ser malandro, você que é, sabe do que estou falando.

10 – DAR SPOILLER

Acho que essa é autoexplicativa. Eu vivo entregando spoiller quando faço críticas de filme e se eu fosse você, não me perdoava. Eu perdoo spoilers, mas a gente sabe quem tem gente que faz na sacanagem.

11 – MARCAR FOTOS COMPROMETEDORAS DO AMIGO

Essa é batida e clichê, mas não custa relembrar. Que tal perguntar antes se tudo bem postar? Pode parecer bobo, mas tem gente que tem complexo com fotos, por estar acima do peso ou simplesmente porque não se acha fotogênica. Nessa hora bom senso é bacana.

12 – EXIGIR RESPOSTAS VIRTUAIS RÁPIDAS

É horrível ficar no vácuo, mas com o azul dedo duro do Whatsapp, as pessoas começaram a ficar ansiosas por respostas rápidas. Eu sou desses que gosta de responder com calma, ainda mais mensagem longa. Prefiro chegar em casa e escrever pelo Note. Tem vezes que eu vou adiando a resposta e acabo esquecendo, acontece bastante, um crime imperdoável, eu sei. Outro fenômeno comum é responder algo em pensamento e ter a impressão de ter respondido, telepatia sabe? Ou quando uma pessoa vive te marcando em um monte de links, e acha ruim você não responder sempre em todos. Tenho uma amiga que vive me marcando em várias coisas, e eu adoro que ela me marque, é sinal que ela lembra bastante de mim, mas adoro mais ainda o fato dela nunca me cobrar uma resposta em todos. Uma confissão: tenho amor imenso por quem responde rápido e mais amor ainda por quem responde rápido sabendo que com você o processo é mais lento. Gente sem vingancinha.

13 – USAR DE PALCO PRA BARRACO A TIMELINE ALHEIA

Você postou algo inocente, e fica um tempo sem olhar o celular. De repente, quando olha sua caixa de comentários, existem dois indivíduos aleatórios batendo boca e alimentando a ala Datena do seu feed. Barraco virtual dentro da sua casa, apenas não. Eu até gosto de um barraco virtual produtivo, é melhor que barraco de novela do Maneco, mas não na minha Timeline. Comportem-se crianças.

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