Entenda que o shimbalaiê de Maria Gadú vai além da música

Tem artistas que ficam conhecidos por uma música e acabam blindados por ela. No mau sentido. Um dos exemplos mais conhecidos é do Los Hermanos, que demorou pra se livrar de Ana Júlia. Maria Gadú tinha tudo para sucumbir à Shimbalaiê (música, aliás, que só me conquistou na voz de Caetano Veloso). Mas não foi assim porque Gadú não veio ao mundo por onomatopeia.

Passei uma tarde entre cervejas e risadas com Gadú em 2013. Ela, acompanhada pela namorada (tão linda quando as melodias inspiradas na Lua), era interrompida a cada instante por pessoas que queriam se aproximar. Esbanjou energia positiva não por obrigação de artista, mas por simplicidade de gente que ama o que faz.

É isso que sinto nas canções é isso que vejo nos DVDs. Quando vê Caetano cantando uma música sua, Gadú chora. Quando dá entrevista, cita os compositores, abraça os entrevistados, se emociona.

Só me livrei do preconceito de Shimabalaiê quando um dos amigos mais queridos que a vida me deu ensinava passos de samba e colocou Altar Particular e disse “vou provar pra vocês que samba e música bonita pode vir de onde a gente não imagina”. Terminei a música de braço dado com um cavalheiro e de ouvido apaixonado pela canção.

Gadú é do tipo de abraça e não solta. No meu imaginário de admiração, é daquelas que entende o som como extensão dos braços e, por isso, consegue segurar tanta gente perto do peito pela voz, pela melodia, pelas letras. Gadú é do tipo Maria. Simples, mas única.

“Quando já não procurava mais, pude, enfim, nos olhos teus vestidos d’água, me atirar tranquila daqui”

“A tua ausência me causou o caos. No breu de hoje, sinto que o tempo da cura tornou a tristeza normal”

“A qualquer distância o outro te alcança”

“Pobres desses rapazes que tentam lhe fazer feliz. Escolha feita inconsciente, de coração não mais roubado”

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