10 músicas do Jay Vaquer pra te dar uma surra!
Eu não me admiraria se quando eu te perguntasse se você conhece o extraordinário Jay Vaquer, cria do nosso valioso “Riodejanê”, você venha a franzir a testa e responder: “conheço não”.
Ou então, se você conhece, você pode me cobrar o abraço que eu quero te dar no final desse texto.
Diante de uma política um tanto “estacionária” sobre o que é certo ou errado na sociedade atual ou sobre como realmente devemos absorver as informações de uma geração que faz questão de separar tudo “tim-tim por tim-tim”, quem não ouve funk e sertanejo é surdo e caolho, e o rock brasileiro acaba ficando apenas em algumas entrelinhas do nosso cotidiano, só para a gente dizer que ele mais sobrevive do que existe.
Não me apegando a qualquer crítica e focando no rock nacional, o cantor Jay Vaquer conta com uma trajetória empolgante. Mesmo que o ritmo usual do rock não te atraia tanto assim, o Jay Vaquer vai no mínimo te fazer pular.
Mas se você é mais ligado na pegada “lyric” da coisa, para mim, as músicas desse cara soam mais como um real “despertar”.
Em um papo maneiro, eu pedi que o cantor definisse algumas das músicas dele que podem surgir como uma verdadeira SURRA às nossas realidades e crenças. Então, bora?
1 – “Cotidiano de um casal feliz”:
Pelo próprio cantor definido como “Hipocrisia burguesa”. Eu já começo deixando a missão de vocês ouvirem essa música minuciosamente. Tirem suas conclusões.
“E eles têm escravos disfarçados de assalariados
diariamente humilhados
se levantam cedo, se arrumam apressados
tem hora marcada pra falar com Deus”
2 – “Longe Aqui”:
Jay definiu essa música como “Angústia corrosiva”. Eu, pessoalmente, me identifico bastante com essa letra, pois a definição que ele me enviou retrata exatamente esse sentimento que não é só meu, mas das gerações jovens que tanto sonham e pouco realizam.
“Tinha que engravidar, criar, envelhecer, morrer… Como todos esperavam!
Tinha que renunciar, agradar, obedecer, vencer… Como todos desejavam!”
3 – “Você não me conhece”:
“Banana Singela”, definiu. Conhece aquela expressão “tapa com luva de pelica”? Essa música é esse tapa na cara de quem se faz de vítima, te culpa com a sentença máxima e sem você ter feito nada… Ainda.
“Me deprime, me derruba
E depois reza por mim
E o meu crime, apagar as velas antes do fim.”
4 – “Pode Agradecer”:
“Obsessão Patológica”, segundo o artista. A primeira vez que ouvi “Pode Agradecer” eu amei a força do instrumental, mas com o tempo, eu vi o quão essa música serve de alerta para os famosos e tão empurrados para debaixo do tapete, relacionamentos abusivos. A letra fala por si.
“Quebrei presentes, sabe-se lá de quem
Rasguei fotos, sei muito bem de quem
Queimei cartas que não escrevi… Não
Não deixei, proibí, não permiti
Roupas, gestos, sorrisos que não consenti
Evitei que o seu brilho ofuscasse o meu”
5 – “A Falta que a Falta faz”:
“Lacunas sanadas”, definiu Jay. De novo de forma particular, eu demorei um tanto a chegar a uma conclusão sobre o sentido dessa música, mas o mais próximo que consegui é de saber que uma hora a gente acorda, a gente luta, se supre e passa a não sentir a falta de nada ou quase nada, só que quando a gente se dá conta disso, estarmos acostumados a sentir falta pode fazer falta. (Muy loco, não?)
“Mas a vida lá fora
Tá chamando agora
E não demora!
Quem dá mais?
Na falta que a falta faz”
Seguindo o exemplo do Jay, eu pedi que ele me indicasse 5 músicas dos últimos álbuns dele (o cara tem NOVE álbuns. Segura esse forninho). Eu ouvi e vou deixar a minha definição e um trecho pra vocês.
6 – “Ah, mas bem que você gosta (Coprófoga)”:
“Relacionamentos e sentimentos não admitidos”.
“Agora não passo de um bosta
Ah, mas bem que você gosta
De deixar a mesa posta
Pra cair matando, chafurdando
Lambuzando a cara toda
Coprófaga”
7 – “Presença Hecatombe”:
“Desafio de ter que se lidar com o que se é e o que se foi.”
“Quando você vem
Extrapolando a minha escala Ritcher
E o tremor também vai
Soterrando meu discernimento
Quando mais ninguém
Procura nas fissuras de um passado
E a rotina tem
Que lidar com ferros retorcidos”
8 – “Quantos tantos”:
“Declínio da vida moderna”.
“Mais interessante mostrar que esteve do que estar
Muito mais interessante exibir a vida que viver
Mais interessante mostrar a lágrima do que chorar
Muito mais importante exibir que sabe do que saber
Mais um e são tantos, dentre quantos tontos
Faz a merda da selfie sorrindo
Eterniza essa vida perfeita”
9 – “Boneco de Vodu”:
“A vida já anda quando resolve decidir.”
“Não espero ajuda de quem tá mais doente
Não faço pedido pra estrela cadente
O meu desejo só depende de mim
E da sorte, do acaso ficar a fim”
10 – “Tudo que não era esgoto”.
“A política que pouco enxergo, tampouco dominei”.
“Desde a mais tenra idade, crianças já brincavam contentes
Alimentando mosquitos e vermes sorridentes
Uma parte da memória, tradição, costume:
Banhos demorados, estrume era o perfume”
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