25 coisas que mudam aos 25
Sonho, sangue e América do Sul.
A casa dos vinte é a casa das descobertas, quando as ilusões da adolescência se desfazem como fuligem diante de nossos olhos e a famigerada vida real enfim se apresenta feito um soco no estômago.
Ninguém está suficientemente maduro aos vinte e cinco. Nem aos trinta. Nem aos sessenta. Desconfio, na verdade, que a vida passa inteira e ninguém descobre o que é que é pra fazer. Mas cada década vai deixando calos importantes – e doloridos, e cômicos – no mosaico da nossa existência. Aos vinte e cinco, algumas versões suas já foram deixadas pra trás.
1 – Sua rebeldia se torna mais sofisticada – Você já não faz questão de esfregar suas crenças na cara do ateu, tampouco seu ateísmo na cara dos crentes. Não porque você se tornou uma espécie de ser humano evoluído que respeita as crenças dos outros com maestria, mas porque você percebe que algumas coisas simplesmente não valem a pena, e sobretudo porque descobre que, não, você não tem todas as respostas.
2 – Você aprende com o bom humor – Você se lembra dos anos de adolescência em que descobriu que a vida é mesmo complicada, e lembra o quão amargamente reagiu a essa constatação até entender que o mau humor não é capaz de mudar o que você não aceita, e que rir das desgraças ainda é a chave para uma vida mais leve.
3 – Você não se leva tão a sério – Você para de se sentir perseguido e injustiçado pelo mundo, porque entende que você não é tão importante assim. Quanto mais o tempo passa, mais entendemos que somos poeira em um universo infinito – e nossos problemas particulares, que para nós são tão gigantescos, são insignificantes em uma perspectiva macro.
4 – Você começa a entender a lógica das relações humanas – e então perder alguém passa a ser menos dramático, porque você finalmente percebe que relações não duram para sempre. Nunca.
5 – Você começa a se importar com a sua saúde – e descobre que cuidar da alimentação e do corpo não é puramente uma questão estética, é a mais pura demonstração de autocuidado e autoamor. Deixar de se importar com isso é justamente o contrário de se aceitar.
6 – Suas ressacas tornam-se realmente lições de vida – seu corpo já não responde tão bem às bebedeiras. A vodka barata que você bebia tranquilamente aos dezessete agora lhe cai no estômago como uma bomba, e então você se dá conta de que a parte mais divertida de beber é fazer isso direito – leia-se: de modo que você consiga existir dignamente no dia seguinte.
7 – Você descobre que ter um sofá é realmente importante – tapetes, almofadas e tatames são um charme, mas você descobre que se tornou adulto quando só quer ver suas séries de meias no sofá.
8 – Você aprende que não precisa passar por certas coisas – Acampamento no inverno? Só se realmente não der pra arranjar, no mínimo, uma cama quentinha em um hostel. Os anos passam e a gente passa a optar pelo conforto em vez da aventura – embora nem sempre as duas coisas se excluam.
9 – Você sente certo desconforto em relação ao seu próprio limbo – por vezes você se percebe como algo entre um velho e uma criança: Já sente dores nas costas, mas ainda faz maratona de desenho animado com brigadeiro. Relaxa, você é só um jovem normal do século XXI.
10 – Você desconfia mais – você aprende a desfrutar das relações sem aquela entrega adolescente desenfreada. Depois de alguns baques, a velha história de confiar desconfiando passa a funcionar com você.
11 – Você se torna mais seletivo – você escolhe bem as pessoas que valem a sua amizade e os programas que valem o seu tempo. Você dificilmente perderá noites na mesma balada todo final de semana – porque o tempo livre passa a valer mais à medida em que se passam os anos.
12 – Você já não bate de frente com seus pais – sua necessidade de autoafirmação cessou, e você compreendeu que afrontar seus pais não é prova de independência e maturidade – muito pelo contrário, aliás. Você entende que absolutamente tudo é uma questão de perspectiva, e conflitos geracionais são cansativos demais.
13 – Você pensa mais sobre o próprio futuro – não que você realmente saiba o que fazer, mas os seus próximos anos de vida – inclusive a sua velhice – passam a ser uma questão pra você.
14 – Você entende com mais tranquilidade que pouca coisa faz sentido – adolescentes procuram sentido em tudo. Aos vinte e poucos, você percebe que esta é uma tarefa interessante, mas adoecedora. “Ninguém existe por um propósito, ninguém pertence a algum lugar, todo mundo vai morrer. Entre e tome uma cerveja.” (Rick e Morty)
15 – Você entende o valor de não fazer nada – O ócio se torna o seu luxo preferido, e a sua definição de paraíso é um domingo silencioso com filmes, sofá e pizza.
16 – Você lida com suas frustrações com menos desespero – não que você não sofra. Sofre, e muito. Mas digamos que você meio que se acostumou.
17 – Você pensa frequentemente sobre filhos – seja querendo tê-los, seja querendo evita-los, seja ainda não entendendo absolutamente nada sobre a questão, você pensa sobre coisas como casamento, filhos e varandas com samambaias sobretudo porque seus amigos começam a se casar e terem filhos, enquanto você ainda não sabe se prefere Marvel ou DC.
18 – Você fica mais perdida do que nunca – a faculdade é a fase dos sonhos. Quando termina, você percebe que as coisas não são exatamente se formar, arranjar um emprego e ser bem-sucedida. Então você se contenta em a parte do emprego.
19 – Seus objetos de desejo são estranhos – como um esfregão que alcance os cantinhos, um cortador de legumes elétrico ou uma cuba de gelo em formato de abacaxis.
20 – Você valoriza as pessoas pelo que te fazem sentir – e não por coisas superficiais como gostos em comum. Você entende que boas companhias não são exatamente as pessoas que gostam das mesmas coisas que você e pensam como você – isso é delírio narcísico -, mas as que fazem com que você se sinta confortável consigo mesmo.
21 – Você ouve mais as pessoas que discordam de você – não porque a adultice te torna pacífica, mas porque você entende que agregar ideias diferentes das suas ao seu repertório, mesmo que para refutá-las, é uma questão de esperteza.
22 – Você dá valor à organização – e quando se dá conta, tem anotações na agenda, no bloco de notas do celular, nos post-its e nas paredes.
23 – Você acompanha grupos de decoração e dicas de cuidados com a casa – mesmo que não seja muito boa nisso, você realmente quer que a sua casa seja o lugar mais confortável do mundo.
24 – Você gosta de comida de verdade – e em geral prefere uma refeição a um fast food, embora aquela passadinha no Burguer King ainda tenha o seu valor.
25 – Você entende que ainda não entende nada – o próprio Sócrates reencarnado, você só sabe que não sabe de nada.
Tenho 16 anos, e esse texto me trouxe um conforto imenso. Obrigada.