6 reflexões da vida moderna em Black Mirror
Apesar da série britânica Black Mirror ter começado lá pelos anos de 2011, foi só recentemente que fui convencida a assistir por esse post. E mesmo com essa diferença de cinco anos, ela ainda é bem atual. Talvez por isso o Netflix tenha resolvido apostar e produzir uma terceira temporada com doze episódios para transmitir com exclusividade.
Em vez de seguir uma história linear, cada capítulo é independente do outro, tal qual sua referência, a The Twilight Zone. Isso é ótimo para quem não consegue guardar muitos detalhes ou prefere assistir de pouquinho em pouquinho.
Focada no avanço da tecnologia e nos efeitos que o mesmo teria na sociedade, a série faz várias crítica à mesma. Pena que são só sete episódios. Sabe como é, os ingleses preferem fazer essas séries mais enxutas e caprichar no conteúdo. Justo.
Durante a maratona para terminar de assistir tudo, mal dá tempo de refletir com o tanto de coisa que acontece. Por isso mesmo listei aqui algumas das perguntas que ficaram no ar, mas olha, se você é daqueles que não suporta spoiler, é melhor parar por aqui, ok?
1 – Até que ponto nos apaixonamos pela imagem que criamos de uma pessoa?
Um dos meus episódios preferidos, de longe, foi “Be Right Back”, que abre a segunda temporada. Nele, a protagonista perde seu marido e contrata um serviço que mapeia tudo o que seu amado publicou nas redes e cria uma cópia – primeiro online, depois um avatar.
O ato falho da história toda é que sempre estamos censurando o que publicamos, isso quando não criamos um personagem, com ideias e opiniões que nem sempre explicitam o que realmente somos – bem comum, hein?
E é aí que fiquei pensando… Até que ponto gostamos mesmo de alguém e até que ponto estamos encantados por esse personagem ou mesmo pela ideia que temos dessa pessoa? São coisas bem, bem diferentes.
2 – Estamos nos esforçando pelos motivos certos?
Em “Fifteen Million Merits”, somos apresentados a uma realidade alternativa, em que as pessoas vivem presas a seu trabalho, acumulando dinheiro online para comprar coisas virtuais. Mas será que essa realidade é tão alternativa assim?
Durante o discurso do protagonista deste episódio, ele começa a discorrer sobre a realidade em que vive. E ele fala que as pessoas estão tão desesperadas que se expressam através do consumo.
Precisamos mesmo disso? Encontrar um trabalho, um namorado, casar, comprar um carro, uma casa… Não necessariamente nessa ordem. Acho que cada um deveria rever o que realmente traz felicidade. Não quer ter filhos? Isso é ok! Sempre sonhou em ser dona de casa? Ok também, sem julgamentos!
3 – Aos poucos, vemos o mundo mais por telas que qualquer outra coisa
O começo de “White Bear” é tipo filme de terror meets um futuro bem próximo. As pessoas estão tão presas a seus celulares que não se importam com nenhum tipo de barbárie que acontece ao seu redor – só querem saber de gravar e transmitir, acompanhar a vida por telas cada vez menores.
E isso tem tudo a ver com FOMO (fear of missing out), síndrome da era digital, em que precisamos acompanhar tudo o que acontece nas mídias sociais o tempo inteiro, ficando com medo de fazer escolhas erradas mesmo para nosso tempo livre. Gente, não! Vamos sair, curtir, viver a vida beeem mais leve.
4 – Sem nem perceber, criamos personagens de nós mesmos.
Comentei um pouco sobre isso lá em cima, mas é algo que aparece ainda mais forte em “The Waldo Moment”. Nesse episódio, o protagonista cria um urso fofo e desbocado que toma dimensões muito maiores do que o pretendido inicialmente.
Nas redes sociais, não é diferente. O problema é quando a) esse personagem difere dos nossos princípios ou b) o interpretamos tão bem e há tanto tempo que não conseguimos mais separar o que é real e o que não é. Na dúvida, seja sempre você mesmo.
5 – É mesmo bom reviver o passado?
No “The Entire History Of You”, é apresentada uma tecnologia que nos permitiria repassar todo e qualquer momento que estivesse em nossa memória. Aí, se esquecemos de alguma coisa, é só “rebobinar” e assistir de novo. Pausar, comentar…
Por mais que pareça bom à primeira vista, já imaginou a paranoia que seria? Pensa numa DR, agora pensa que você ficaria vendo e revendo aquela DR ou procurando onde exatamente você errou.
Mesmo sem tecnologia nenhuma, ficar apegado ao passado é, no mínimo, perigoso. :/
6 – Se você pudesse, bloquearia uma pessoa na vida real?
A tecnologia que ganhou disparado minha atenção foi a que aparece no episódio especial de “White Christmas” (que conta com o Jon Hamm no elenco!). Com ela, você pode bloquear uma pessoa na vida real. Uma hora você está conversando com ela (e discordando internamente) e na outra… Nada! Um grande borrão na sua frente.
Usar (ou não) algo desse gênero tem várias implicações e uma delas é escapar do conflito. Agora se isso é bom ou não, fica difícil dizer. Você teria coragem de usar uma tecnologia dessas?
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