A felicidade de um povo não pode depender de onze jogadores
Eu gosto de futebol, como muitos, mas, confesso não ter um patriotismo cego. Obviamente tenho preferência pelo Brasil, país esse que me acolhe, mas, hoje, a Alemanha mereceu todo o meu respeito. Um time sensacional, equilibrado, seguro e determinado. Tanto emocionalmente quanto profissionalmente. Ser brasileiro ou não é vírgula nesse jogo de exclamações. O melhor que vença, sem frescuras, sem desculpas esfarrapadas, somente olho no olho e bola no pé. Os alemães passaram grande parte do tempo vencendo por 7 x 0 – maior goleada da copa até agora – do anfitrião da casa e, respeitando ao máximo, sem “olés”, sem showzinho, sem comemorações desnecessárias. Eles são merecedores de todo meu respeito, pois antes de ser patriota, existe algo que é do ser humano, independente da nacionalidade: o merecimento.
O que questiono não é o fato de torcer para o Brasil ou não, mas sim ser consciente de que nós não éramos merecedores da vitória. Deixando a brasilidade de lado, você, no seu consciente, realmente acha que o Brasil merecia ganhar essa Copa? Por quê? Esquecendo a parte emocional e o choro da pátria, mas sim primando a técnica, tática de jogo e esquemas ofensivos, por qual motivo o esquema tático do Brasil era/é melhor que o da Alemanha ou da Holanda? Outro ponto é que todos jogadores, de todos as seleções, estão jogando, se doando, vestindo a camisa e lutando para trazer a vitória para a sua nação. Brasileiro tem mania de achar que se doa mais que os outros, que sofre mais… Jogo se vence no campo, sem chorar, sem reclamar, com competência e não malandragem. Claro, me emociona perder, ver a pátria triste e chorando em busca de um sonho que traria alegria para esse país. Apoio o Brasil como um todo, mas, infelizmente, emoção não ganha jogo, até porque se assim fosse Pelé seria Chico Buarque.
Mas, o que me entristece mesmo é ver a timeline das redes sociais repleta de notícias cheias de descaso com a nossa pátria. Como se a felicidade e o pão de amanhã dependessem dessa vitória. Pessoas queimando ônibus, bandeiras, quebrando tudo… O Brasil é mais do que futebol. Claro que o coração dos brasileiros estava em campo com a seleção, mas é bom que a nossa consciência também esteja fora das quatro linhas. Somos uma equipe formada por brasileiros. Que sabem da derrota, sim. Mas que sentem orgulho da bandeira verde e amarela, do país que somos e, ainda seremos. A felicidade de um povo não pode depender de onze jogadores. Da minha felicidade cuido eu. Pois, se botamos a nossa felicidade nos pés deles, a culpa é nossa, e não deles.
Precisamos descobrir, como brasileiros, que a sensibilidade, aliada ao bom senso, deve sempre ser o manto que nos cobre, para assim o respeito da nossa bandeira manter-se sempre intacto.
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