A relação acaba quando a gente deixa de se relacionar
Lidar com perdas nunca é uma tarefa fácil. É árdua. É dolorosa. É sofrida. Até o mais evoluído dos seres humanos sofre diante da perda de algo querido e a verdade é que nos relacionamentos esse sofrimento tende ser ainda mais pungente. Encarar o fim de uma relação e lidar com a falta de todas delícias que ela um dia proporcionou é realmente uma tarefa para gente decidida.
É preciso ser forte para olhar nos olhos da realidade, pesar as consequências e perceber a falta de alguém que um dia nos acompanhou. Suportar a falta, mesmo quando a relação já havia deixado de fazer sentido, pode ser algo tão doloroso que muitas vezes nos flagramos adiando essa perda, como se nós, tão ingênuos, fossemos capazes de evitar o que normalmente há muito tempo já havia acontecido.
Quem nunca terminou um relacionamento e continuou telefonando todas as noites para saber se está tudo bem que atire a primeira pedra. Quem nunca manteve relações pouco saudáveis e até cobrou satisfações mesmo depois de estar tudo acabado? Quem nunca fiscalizou as redes sociais do(a) ex ou encenou com a antiga sogra uma amizade mal intencionada?
A verdade é que nós somos muito tolos. Tentamos nos enganar e preferimos ir perdendo aos poucos. Decretamos finais que não respeitamos e não notamos a verdade tão óbvia que até soa estranha ao verbalizar: para a relação acabar, é preciso parar de se relacionar.
Obviamente, quando há respeito e maturidade, é possível manter relações de amizade felizes e saudáveis com aqueles com quem costumávamos nos relacionar. Ainda assim, é preciso respeitar as mudanças. É preciso respeitar o tempo. É preciso suportar, entregar a dor ao tempo e deixar acabar. É vivenciando verdadeiramente os fins que aprendemos a lidar com a perda daquilo que na verdade já havia acabado. Nós que demoramos a aceitar.
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