A vida é curta para ficar preso em relacionamento bosta
Eu não curto dar conselhos. Sempre digo que dá-los é uma forma cômoda de dizer o que eu faria, mas como não tenho que lidar com as consequências, não vejo o peso que ele tem. Resumindo: é fácil demais dizer o que deveria ser feito se, no final, não é preciso assumir os efeitos disso.
Mesmo assim… mesmo assim, acredito que exista um conselho que ninguém perde por dá-lo ou segui-lo. Quer dizer, segui-lo é uma das coisas que eu mais prego por aí e tento. A verdade é que “A VIDA É CURTA PARA FICAR PRESO EM RELACIONAMENTO BOSTA”. Sacou? Entendeu?
Acho justo que se conceitue aqui o que é relacionamento ruim e o que é relacionamento bom. Até porque a maioria das vezes, quem dá o parecer sobre o relacionamento – se ele é ruim, bom, maravilhoso ou bem meia-boca, é alguém que está de fora e que consegue enxergar melhor. E acho até natural que seja assim.
Penso que essa ideia vai bem de encontro com a alegoria da Caverna, de Platão. Não é pra dar aula, mas num conceito bem raso e rápido, a parábola mostra como que a luz do conhecimento pode nos tirar das sombras. Se a gente quiser fazer um transporte disso para os relacionamentos, conseguir enxergar em que condições estamos vivendo com alguém é uma forma de poder melhorá-lo ou, se ele realmente for ruim, sair dele.
E quem abre nossos olhos, geralmente, são pessoas próximas.
Aqui, claro, vamos usar nosso precioso tempo para pensar e refletir que características transformam um namoro em algo nocivo. E, por favor, não se prendam ao gênero que eu acabar tratando nos exemplos. Homens e mulheres, héteros ou gays, crentes ou ateus, todos nós estamos sujeitos a viver algo ruim com alguém que, por mais curioso que seja, diz que nos ama.
É o caso de um texto que já li que exemplifica e começa com “ELE JÁ ME MANDOU TROCAR DE ROUPA, MAS NUNCA ME BATEU”. É difícil ouvir isso. Precisa chegar ao ponto de bater para se poder constatar que é ruim? Precisa deixar de ver todos os amigos pra ver como alguém é possessivo? Precisa largar seus sonhos?
Trouxe aqui alguns discursos já bastante ensaiados que muita gente não percebe que está em relacionamento meia-boca:
1) Ele não me deixa sair com meus amigos. Ele diz que, de homem, só preciso dele na minha vida. Acho fofo…
2) Se já mandou eu trocar de roupa? Já. E não passar maquiagem. E tirar o batom. E disse que eu parecia uma puta.
3) Ela já encrencou com minhas colegas do trabalho. Cismou que as horas-extras que eu fazia eram saídas com algumas delas.
4) Ela me fez desistir de tentar um mestrado/uma faculdade/uma carreira porque dizia que não aguentaria ficar longe de mim.
5) Ele sempre colocava a culpa em mim. Qualquer que fosse o erro da noite, o equívoco que arruinou nossos planos, sempre era culpa minha. “Você está certo, amor”, era o que gostava de ouvir.
6) Ele me forçou a transar com ele numa noite em que tínhamos bebido. Eu queria dormir. Acabei cedendo pra fazê-lo feliz. Não, a gente nunca conversou sobre isso depois.
7) Eu já tentei ir embora uma vez, mas ela sempre volta quando vê que eu tô bem. Eu gosto, né? Acabo recaindo, mas ela vai embora. Diz que a gente não dá certo junto. Mas volta. Sempre volta.
Eu poderia dar mais um monte de exemplos. Já recebi diversos casos e pedidos de ajuda por directs e conversas nas minhas redes sociais. Peguei alguns casos de seguidores para ilustrar. E todos eles me apoiaram a falar sobre isso. E o que mais me tocou ao pesquisar sobre o tema foi que, um dos textos começa com “atenção, este texto pode ser perturbador”.
A intenção desse texto não é roubar o lugar de falar de ninguém, mas de tentar ser mais uma luz pra quem está vivendo um relacionamento abusivo. A Vida é bem curta pra gente gastá-la com quem nos transforma em propriedade, em prisioneiros, em rascunhos de quem poderíamos ser.
E o pior disso é que ainda o fazem em nome do Amor. Isso não é Amor. É abuso.
E você não perde nada ao sair de uma relação assim.
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