Amor distante, saudade presente
Hoje choveu o dia inteiro. Fez um frio tão forte que foi de arrepiar os pelinhos do corpo. Não tive sequer coragem de tirar o pijama. Ainda estou jogado entre os cobertores quentinhos da cama, como se isso pudesse fazer o tempo fechado aqui do meu peito mudar. Como se o calor dos travesseiros pudessem simular o verão que se abre em meu sorriso sempre que você chega.
A saudade tem revelado raios terríveis e trovões assustadores me despertam todas as noites, desde a última que te vi. E sim, eu sei, a distância, às vezes, é companheira dos apaixonados, mas não me peça para sentir pouco a sua falta. Não me pede para acostumar com as mensagens escassas por culpa da falta de sinal, de um tempo que oscila, que te tira de mim, que me rouba as tuas palavras que leio com o som da tua voz.
Durante a rotina, os dias apertados, as horas que espremem a gente, sentimos a falta um do outro. E sempre que a vida para e os finais de semana e feriados chegam, que é quando eu tenho tempo para te ter só para mim, e você não está aqui, chove. E olha, não são todas as vezes que as gotas caem das nuvens. Muitas delas são de outras cacheiras. Duas que moram no topo de mim, ali, bem perto de onde fica o pensamento de você.
Acho que deveriam votar um projeto de lei, sei lá, uma multa para todos os casais que se amam e precisam, por qualquer motivo que seja, conviver com a distância durante muito tempo. Mas não pense que esse tempo é tão grande assim. Vinte e quatro horas já seria o limite. Depois disso, amor, você teria a obrigação de aparecer de qualquer lugar, se materializar, só para a gente se amar.
Até as horas voarem, até os minutos correrem, até os segundos me roubarem a respiração e você finalmente chegar, voltar e podermos outra vez nos encontrar, me sinto como um prisioneiro. Um encarcerado daqueles dos filmes, sabe? Fico marcando nas paredes do meu coração os quatro tracinhos de pé e um inclinado cortando os demais, numa contagem regressiva angustiante.
A saudade de quem a gente ama sufoca. Sufoca tanto que a gente aperta desesperadamente os travesseiros, imaginando aquele alguém, aquele cheiro que transforma qualquer lugar em lar. Mas esse mesmo aroma é sempre o perfume que falta quando a saudade aperta…
Por aqui, a chuva segue. Dentro e fora de mim. Mas por ora, só quero te dizer que li na previsão que o tempo está para abrir. Falta pouco para o sol do meu sorriso raiar e depois ser ofuscado pelo eclipse do nosso beijo. Não demora. O meu mundo te espera.
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