Aproveitando aquela fuga do mundo com ela
Eu estava olhando para ela. Fotografando-a com os olhos. Imaginando um futuro próximo ou algo assim. Cabelo levemente despenteado que eu mesmo baguncei. Uma camiseta roxa que juntava com o roxo da calcinha, daquelas grandes e divertidas que eu amei vê-la vestir. Por fim, um par de meias rosa-choque-fluorescente, uma pulseira de golfinhos no punho esquerdo, enquanto no direito havia um prendedor de cabelo verde. Ela estava linda com teus pelos dourados amostra. Parecia ter fugido de um filme do Marc Webb ou de uma canção do Chico, numa versão moderna de teus arranjos.
Estávamos ali – por diversas vezes nus ou querendo estar –, aproveitando aquela fuga do mundo, tendo apenas as músicas do Ben Harper como testemunhas. Entre “sim” e “não”, no qual a mente medrosa tenta acalmar os ânimos da pele que grita, a gente ria e se divertia naquele jogo de seduzir e tentar retrair os desejos mais pessoais – as vontades mais íntimas que nossos corpos queriam desde o primeiro beijo.
Afinal, o beijo é o primeiro que sexo que se faz com alguém. É a primeira vez que invadimos o corpo do nosso par. É quando percebemos que o encaixe pode ser perfeito. E a nossa junção parece ter sido feito sob medida.
Entre o sofá e a cama. Entre o claro e o escuro. Entre as provocações e o vamos-parar-por-aqui, nos descobríamos mais ainda enquanto ficávamos descobertos. Vi-me por teus olhos castanhos escuros e por teu sorriso branco, que por diversas vezes me engolia ao teu mundo.
É só o começo, eu sei. Ainda há muito o que descobrir e a esconder. Há muito o que ser dito e o que ser beijado. Há tantas viagens, tantos acasos, tantos bares, tantas festas, tantas ruas e tantas historias. Ainda há tantos momentos simples, que serão eternizados em minha retina.
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