As desistências também fazem parte das vitórias
Hoje, uma angustia em forma de dúvida me tomou os pensamentos. Queria entender porque ninguém fala sobre desistir. Sobre desistências. Sobre abrir mão de algumas coisas para conquistar outras. Ou ainda que não existam outras conquistas atreladas. Queria realmente entender porque todos os filmes, livros, porque todas as novelas e personagens que eu gosto só falam sobre ser forte. Sobre seguir em frente. Sobre fazer a coisa certa. Mas nunca, de jeito algum, de forma nenhuma, sobre desistir.
Acho que a sociedade, a natureza, acho que nós mesmos estamos seguindo pela contramão nessa de atrelar às desistências, o fracasso. Não há nenhum quê de perdedor em todos aqueles que, seja lá por qual motivo for, desistem de alguém. De alguma coisa. E nisso, estão incluídos os amores, amigos, empregos, provas de vestibular, concursos, aventuras, festas, sei lá. Não conheço nenhum vencedor que não tenha precisado desistir de alguma coisa, em algum momento, para chegar ao pódio. Aonde sempre quis estar. Para conquistar o que sempre sonhou.
Em meio aos meus pensamentos, fiquei tentando achar algum sinônimo que pudesse substituir a derrota, quando eu imaginava a palavra “desistir”. Renúncia. Renunciar. Acho que a palavra é essa. Para dar os maiores passos da minha história, precisei abrir mão de muita coisa. De muitos momentos, pensamentos, experiências. De muitos atores coadjuvantes. Tudo, absolutamente tudo para tentar me manter como o personagem principal da minha trama, do meu enredo, da minha comédia da vida privada.
Sou, hoje, o resultado da coragem de abrir mão, de desistir, de renunciar muitas das minhas vontades. Noites de sono. Noites de agitações. Amores que prometiam uma vida diferente de tudo aquilo que sonhei para mim. Paixões que não me permitiam sonhar com nada. Encantos que não passavam disso. Conquistas que me trariam mais perdas do que ganhos. Amigos, que apesar de me quebrarem alguns galhos, só apareciam para que eu cortasse os seus. Favores. Favores. Pavores. Mais nada.
É importante falar sobre desistência. É vital, ao menos foi e continua sendo para mim, desistir. Deixar de lado. Tirar da cabeça, do coração, do campo de visão. Do mundo dos pensamentos. É preciso também seguir em frente, ser forte como dizem os filmes, livros, todas as novelas e personagens que eu gosto. Mas isso vem depois. Ser forte é só uma consequência. Consequência essa que só sente quem desiste. Quem sabe reconhecer, diante dos fatos, do espelho, da rodinha de amigos, o que é mais importante para si. Por mais que todo o mundo diga o oposto.
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