Beijo não se pede
Imagine uma parede; e imagine que nessa parede está encostada a mulher que vai roçar na sua barba te fazendo pensar com ares de esquecimento: ‘como era antes dela?’
Nessa parede branca com leves rachaduras está encostada e sorridente a mulher que topará viajar contigo pra Veneza ou pra Diadema. De jatinho ou de Chevette.
Alta, a parede é recheada com rabiscos de outros casais. Iniciais e corações estão lado a lado com as rachaduras; algo como o amor na prática. Lá está ela: a mulher que fará dos seus sonhos um lugar quase palpável. Lugar esse que vocês terão umas plantinhas pra cuidar, muitos beijos pra praticar e, talvez, até uma criança com os olhos de um e a boca do outro.
Imagine um lugar que você conseguiu convencê-la que se tratava de um ponto; que lá passava o ônibus em direção a faculdade dela. Mentira das grandes que atrasa a ida, mas adianta a vinda de uma boca que… meu deus do céu.
Insisto: Desenhe na mente uma parede que não é ponto de ônibus, mas é branca e rachada; e que nela está encostada a mulher que vai te desabafar coisas sobre a vida. Que não vai se importar de ouvir um ‘Vai dar tudo certo, minha linda’ ao pé do ouvido. Claro, acompanhado de abraço forte. Desses que pressionam as costelas e impressionam todos aqueles que pensavam ou diziam: ‘Vocês não vão dar certo’.
Quer viver essa história? Agarre-a nessa parede. De olhos fechados e bocas fervendo ambos escrevem os capítulos que a língua descobre. Não é grosseria quando você aprende a traduzir olhos que frequentemente desviam dos seus; mãos que não param de gesticular. Beijo não se pede. Roube-a num assalto passional. Silencie a timidez dela com desejo e mão na nuca.
Saiba que a única parede que impede isso acontecer é a sua hesitação. Você está lidando com uma mulher que não aceita homem que pede beijo. Ela é dessas que sabe que beijo é calor, não um favor. Dessas que – contra a parede – é mulher, não menina. Sabe como você nivela essa pegada? Sendo homem.
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