Carta para você não desistir
Sabe, menina, eu chego a ficar assustado quando você diz que “quero desistir de tudo”. Vai jogar tudo pro alto, se deixar abater e fazer o que com seus sonhos? Vai alegar que não consegue mais se dedicar, que a vida é muito difícil pra você e que, no fundo, não adiantou de nada todos os conselhos que te deram antes? De que serviu tentar te mostrar que a estrada não é feita só de coisas boas?
Desistir, no seu caso, é apenas a opção mais fácil. E estúpida.
Não adianta me olhar com essa cara de quem não gostou do que ouviu. Você sabe que essa é a verdade. Teu mal, criança, é que sempre teve tudo na mão e agora precisa fazer força pra conseguir o que quer. Ou, no outro viés que me contou, precisa deixar o tempo agir e entender que nem tudo se resolve de uma hora pra outra. A bagunça que às vezes se instala é grande, mas a gente precisa se virar dentro dela.
Esforce-se ainda mais. Quando achar que o objetivo necessita de mais estudo, dedique ainda mais tempo à ele. Otimize seu tempo, foque de maneira racional, só não diga mais essa palavra. Palavras tem poder suficiente para quebrar a mente da gente. Enfraquece, torna as pernas bambas e, por fim, tira todo o ânimo em seguir.
Você está proibida de dizer que irá desistir dos seus sonhos.
E sobre o amor – ah, moça – eu já não tenho muito mais a dizer além de que “o arrependimento tem um lugar especial para aqueles que desperdiçam o amor”. Falar que o sentimento não é pra você só porque alguém não soube te amar é generalizar algo que se faz na sua própria exceção mesmo. Não são todas as pessoas que se sentem dispostas à entrega. Não é todo mundo que aprende o valor da confiança. O amor é para os raros.
Entendo quando você se queixa da dor. A empatia existe, sabe? Já passei por esses mesmos lugares que você passa hoje e sei que também posso acabar voltando. E é por isso que te digo: não é o fim do mundo. Dar de cara com um “não” ou terminar algo que se julgava forte o bastante para durar – ou até mesmo as duas coisas juntas, é doloroso. Ainda assim, não mata.
Só maltrata mesmo.
E, mesmo assim, a gente sobrevive. Aprende-se a enxergar um lado diferente da vida: o do recomeço. Entre os escombros dos sentimentos e das vontades que restaram, consegue-se força o suficiente para se reerguer. Descobre-se que a cada vez que se levante é preciso voltar mais forte. E a gente volta. E não desiste. E não morre.
Pelo contrário, decide viver ainda mais.
Esse texto foi diretamente feito para mim. Obrigada!
Estava precisando ler isso…