Conta que você não consegue esquecer
Está tudo bem. Conta.
Conta que está difícil superar e levar a vida normal. Conta que está demorando mais do que planejava para passar. Conta. Deixe saber. Conta que você sonha algumas vezes. Conta que a cidade parece não colaborar para te fazer parar de lembrar. Conta daquela vez do metrô em que o perfume invadiu seu coração te fazendo lembrar de quase tudo de novo. Tá tudo bem.
Se te incomoda tanto, conta que você não consegue esquecer. Que isso tudo não seja um problema para você. Conta e tudo vai ficar bem. Conta não para tentar voltar, porque você sabe que nem sabe se devem, conta só para a pessoa saber. Conta também porque é uma lembrança boa. É legal quando as pessoas tem lembranças boas e contam pra gente.
Conta para te aliviar. Você sabe como está difícil seguir em frente. Esse negócio funciona melhor nos filmes. Você sabe que está difícil escolher o que vestir e como tenta fugir dos eventos e ocasiões. É uma ligação que não se desliga fácil.
Mas se quiser, se achar seguro, conta.
Conta, deixe saber. Conta e explica que não é intencional. Explica que você sabe que pode haver má interpretação, mas que sua intenção em contar é só um gesto especial: você achou que devia contar. Avisa que nem precisa comentar. Você não espera reações. Não vai contar planejando novas ações. Só conta por contar.
Está tudo bem. Não vai ficar pior, pelo menos não ficará se contar por contar, não para comover. As pessoas leem as intenções, então a gente pode contar antes. Abra a janela de conversa, escreva e envie. Conta que lembrou, mas conta o porquê. Não inventa. Não force atenção.
Se quiser contar, conta. Conta também para você não ficar imaginando depois como seria se tivesse contado. Conta para não se arrepender. Conta para mostrar que obedece o que sente, independentemente desse sentir fazer ou não sentido.
Conta e depois aceita o que vier. Aceita a resposta se não vier. Aceita o tanto faz e o obrigado.
Conta por você.
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