Cuide de você para poder cuidar dos outros também
Uma das coisas que mais me chama atenção no meu próprio discurso é como eu falo de mim mesmo. Paro mil vezes para refletir se isso não é um reflexo de um lado egoísta meu, mas por fim entendo que existe uma linha tênue entre expressar o que você sente e só falar de si. Acabo relatando algumas coisas que se passam comigo apenas porque, obviamente, não posso dizer exatamente o que se passa no outro. E isso nada tem a ver com ter ou não ter empatia pelo próximo.
A partir daí, faço sempre também o exercício de pensar como algo repercutiria em mim caso não acontecesse com fulano ou beltrano. Sabendo como eu ajo, tento projetar sensações e atitudes. Isso me ajuda no trabalho de escritor, mas por outro lado me faz repensar consideravelmente passos que poderia dar ou, quando uma situação se apresenta, coisas que poderia fazer. Errar, então, torna-se o aprendizado mais eficaz. Até porque, nada nos garante que um exemplo pode ser seguido à risca.
Quantas vezes alguém já te disse “olha, eu não faria isso se fosse você”, mas você foi lá e fez do mesmo jeito? Claro que essas pessoas não estavam torcendo pelo seu fracasso, mas é preciso enxergar que nós nos colocamos em certas posições ruins em alguns momentos. Cansei (força de expressão) de magoar a quem gostava de mim por pura burrice de não antever as consequências. Cansei de ter que pedir desculpas por conta de algumas burradas que poderiam ter sido evitadas caso pensasse um pouquinho mais.
E essa é a lição mais dolorosa que se leva: às vezes, machuca-se quem se ama para se aprender a ser alguém melhor.
Entende-se assim que confiança e respeito são fundamentais em qualquer relação humana. Que amor não é suficiente para fazer alguém ficar e que todo carinho precisa ser praticado. É verdade que custa nada demonstrar quanto se gosta, mas também é uma tarefa absurdamente árdua ter que provar isso depois de uma besteira feita. E se eu ainda falo de mim em alguns textos é porque não desejo ver ninguém cometendo as mesmas cagadas que eu. Se eu me exponho e até mesmo escrevo histórias que me delatar, é porque quero reverter de algum modo o mal que eu causei.
Valorizem sempre quem está ao seu lado e procurem pensar como seus atos irão afetar o mundo. Já estamos rodeados de pessoas inconsequentes demais. Que possamos ser diferentes delas.
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