Dando importância ao que realmente importa
Pedro e Marcela conversam por mensagens, depois de terem passado a tarde no shopping:
– Adorei te ver hoje.
– Eu também adore te ver, Má. Tava com saudades.
-(silêncio)
– Eu queria te prometer que vou desistir de você e que vamos ser só amigos. Mas eu nunca sei se, no fundo, você quer mesmo que eu desista ou se você só me afasta porque a sua vida tá uma confusão e você não quer “me fazer esperar”.
– Pedro, eu quero que você seja feliz. Só isso.
– Eu também, e eu seria imensamente feliz com você. Agora, em seis meses ou em dez anos.
– Você nunca esperaria tanto tempo.
– Esperar eu esperaria, mas em dez anos você não ia poder aproveitar muita coisa não… Rs
– Pedro, tem tanta mulher que seria ridiculamente feliz com você. Que ia adorar que você a amasse, cuidasse dela.
– Mas eu não quero fazer outra mulher feliz. E já tem uma mulher que ia adorar que eu cuidasse dela e a amasse, e essa mulher é você. Fala que não?
– Mas eu não sou a pessoa pra você.
-E quem é a pessoa pra alguém? Algum dos seus ex era a pessoa pra você? Alguma das minhas ex? Se era, por que acabou? Não existe pessoa certa, existe a pessoa certa praquele momento. A pessoa certa é aquela que te ama, que te deseja, que quer dividir a vida com você, te apoiar e estar sempre lá pra você. E isso tudo nós temos. O que mais precisa pra ser a pessoa certa?
– Eu não ia conseguir, Pedro. Entende, a gente é estupidamente diferente.
– E eu sou estupidamente apaixonado por você, e me esforçaria estupidamente pra fazer a gente dar certo. O que é mais importante?
– Eu não ia querer que você mudasse, que você precisasse mudar.
– Eu já preciso mudar, há uns dez anos.
– E nunca mudou.
– Já mudei. Você tá me mudando. E não é por você, não por nós, mas porque eu preciso. E você não pode me mudar assim e ir embora…
– Eu não quero ir embora, mas é muita coisa diferente, a gente é oposto em tudo.
– Má, sabe qual a diferença entre um sujeito que nasce com um dom e um sujeito super esforçado?
– Não…
– O sujeito que nasce com um dom pode chegar a ser um gênio um dia. O sujeito esforçado não. Genialidade não se conquista, se nasce assim.
– E o que isso tem a ver?
– Tem a ver que afinidades, gostos e diferenças, tudo isso se ajeita, tudo isso se resolve. Mas amor, companheirismo, respeito e afeto, isso não se conquista. Isso não se muda. Se você tem diferenças, dá pra resolver. Se você não tem amor, carinho e cumplicidade, você não consegue resolver. Nós temos algo que muita gente não consegue ter, porque não se tem como forçar. E não temos algo que dá pra resolver com esforço mútuo. O que faz mais diferença no final?
– Você não tem jeito. Você acha que a vida é um filme, uma comédia romântica. Não é assim que funciona, não tem nenhuma comédia romântica aqui.
– É assim que funciona sim. E não é que a nossa vida não seja uma comédia romântica, é que ela AINDA não é. Tá começando agora. Tudo o que a gente viveu até agora foi antes do filme começar, é o que o narrador vai falar em off, que nossas vidas eram uma chatice só, até que conhecemos um ao outro.
– Cara, você não tem jeito de verdade. Você não vive nesse mundo…
– Vivo sim, e é nesse mundo que eu quero passar o resto dos meus dias com você, sendo seu namorado, marido, parceiro, amante, cúmplice, companheiro. É nesse mundo que eu não acho que diferenças vão separar duas pessoas que se amam e estão dispostas a fazer dar certo. É nesse mundo que eu nunca desisti de você, porque eu não quero fazer outra mulher feliz, como você falou, eu quero fazer você feliz.
– Você é maluco.
– Sou, e um dia você vai olhar pra trás e ver que se eu não fosse maluco você não teria esse marido maravilhoso e esses sete pitbulls lindos no quintal?
– Sete pitbulls?
– Bom, se o problema é esse, tá resolvido. Quatro pitbulls e não se fala mais nisso.
– Boa noite, Pedro, rs.
– Boa noite, meu anjo.
(Silêncio por alguns minutos)
– Má? Não esquece de uma coisa…
– O que?
– Os nomes dos Pitbulls vão ser John, Paul George e Ringo.
– Hahahahahahahahahahah! Boa noite, Pedro!
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