Dos ensaios que tive sobre nós dois
Nem hoje, nem amanhã, nem no meio de uma madrugada de quinta pra sexta, eu ensaiei mentalmente dizeres sobre tua aura, daqueles que as paredes do coração já entendem bem, o olhar traduz e o verso faz jus. Digo “ensaiei” porque acho que li uma vez por aí que a mente denuncia o que o coração entende bem, sobre isso de se apaixonar com apenas três semanas de vivência. E sabe o mais curioso: que não tem absolutamente nada de errado nisso, é apenas isso de se apaixonar pela vida, contigo ao lado.
Aqui, transponho algumas daquelas palavras, sem sentido e, outrora, um desabafo sincero que permeiam cada atitude correspondida sobre como te quis debruçada curtindo a malícia de como a gente se ama, arquiteta e curte essa nossa sicronicidade. E que tamanha é nossa morada, esse vento suave que passeia pelo seu rosto, o café que preparamos ou o sol que se põe ao nosso entardecer, que um simples olhar entrega tão bem. É incrível como o mundo muda quando nos apaixonamos.
O som da tua voz ao cantar é daqueles em que a paz habita em um lugar com nome e sobrenome, e tocar meu violão só faz essas vibrações boas de que um mantra significa ver luz em meio ao mar de incertezas da vida, a minha e a tua, e que serenidade é primo da tranquilidade. De que sabemos dessa finitude que somos donos, da vida que levamos, dos momentos que protagonizamos e a esse amor que compartilhamos. Não é rima clichê, é viver.
Sim, amamos e na saudade de habitar em si apenas o que transborda simplicidade, de que amores maduros são recheados de trocas significativas, de cumplicidade e uma harmonia que sabemos dessas inconstâncias que somos nós, um com o outro e consigo mesmos. Talvez daí seja a tradução da nossa essência, esse mundo individual e à dois.
Prometo nunca deixar de ser esse menino bobo e sonhador que possui valores simples e ideias sagazes de querer viver em cada canto do mundo com histórias para contar e um espírito aventureiro sobre jornadas externas e internas que compõem nosso ser, mas, também, prometo ser o homem responsável por cada aspecto que compõem um coração maduro e apaixonado, sendo um amigo que, às vezes, não terá o que falar e apenas te ouvirá, que será seu amante no seus desejos mais íntimos, que proporcionará orgasmos da mente e do corpo, que conduzirá cada detalhe do seu arquétipo de mulher inquieta e que tem disso que querer um amor pra si.
Nem de longe isso transcreve as linhas da tua história, da minha solidão ilusória que apelidamos, cuidadosamente, de memória. Pois te ver passeando com dizeres sobre sonhos brandos e viveres incertos nos faz dois loucos em rota de colisão, porque quando estamos juntos não se traduz o que o coração quer. Então, só, por favor, não deixe de ser você, que eu não deixo de ser eu.
Porque dos nossos ensaios somos assim, compondo linhas nas brechas da vida e caçamos palavras na expectativa de tentar entender o que não tem explicação, e, por isso, vamos apenas deixando-nos conduzir acalmando o coração.
Sim, pensei em ti hoje.
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