Eu não sei usar curvex! E daí?
Ela acorda às 7h da manhã com um brilho no olhar e a prontidão de quem precisa dominar o mundo. Não. Nada de batalha, guerras, para ela basta um sorriso no rosto e um jeito delicado de ser et voilà! Ela consegue dobrar até o mais calculistas dos soldados. Lentamente, ela balança a cabeça ao acordar. Seus cabelos perfeitos são como ondas que balançam sob a tímida luz do sol que aos poucos começa a entrar pelas cortinas de voal. Ela vai até a penteadeira entalhada à mão, herança de sua bisavó, e se prepara para mais um dia.
Borrifa um pouco de perfume, abre uma das pequenas gavetinhas pelo puxador de cristal, pega cuidadosamente o curvex prateado com suas iniciais gravadas. Os cílios enormes são marca registrada de seu olhar penetrante venerado por todos ao seu redor.
O que? Pára tudo! Não, esta não sou eu. Nem de longe. Aliás, tudo isso nas linhas acima só pode ser ficção científica. É mais fácil dar de cara com o Darth Vader na padaria da esquina do que encontrar uma mulher assim.
Aliás, o próprio curvex é o Darth Vader da maquiagem, o vilão da maquiagem que na verdade é parte da sua família e tem uma história fofa que dá vontade de esquecer tudo.
E por falar nesta mulher imaginária, o que pouca gente deve saber nesta história é que a marca registrada dela, o olhar perfeito, é construído aos mínimos detalhes com uma precisão quase cirúrgica. É verdade, algumas mulheres tem cílios curvadinhos . Outras aprendem a se virar nos 30. Ou, no meu caso, são ao menos 75 minutos de tentativas ( todas) frustradas.
Mas será mesmo meu dever como mulher vaidosa acordar de manhã atrasada toda descabelada e, com a maior naturalidade, sacar um instrumento de tortura medieval da gaveta e colocar aquilo nos olhos? Sério, quem teve a brilhante ideia de reparar nos cílios das mulheres e dizer que eles precisam estar curvadinhos? Quem foi o cara que inventou uma coisa dessas? E por que existem tantas matérias e artigos na internet explicando como usar esse negócio? É um sinal divino dizendo que preciso aprender a virar os cílios?
O curvex parece uma tesoura, mas é só encaixar no olho com jeitinho que os cílios ficam mais curvados no estilo Margarida do Pato Donald, sabe? A promessa é boa. Até me rendi, comprei dois, mas ficaram esquecidos na gaveta de maquiagem. Por isso, juro que é mais provável eu montar um foguete espacial da NASA do que usar um curvex com habilidade. Minha inteligência e coordenação motora servem para tantas coisas legais no mundo, menos pra encaixar aquele aparelho gelado nos meus cílios sem arrancar metade deles junto.
Claro, estou exagerando sobre o curvex, nem é tão popular assim e nem acho que exista uma pressão social grande para mulheres andarem sempre maquiadas. É só pra brincar um pouco com essas peculiaridades da vaidade feminina porque, quando se fala em beleza, todo mundo age com tanta naturalidade que parece meio obrigatório saber fazer “coisas de mulher”. Bom, se as mulheres vem com habilidades estereotipadas de fábrica, como usar curvex e cozinhar, o meu modelo vai ter um recall porque na versão Luiza 2.5 esses apps definitivamente não vieram instalados. Ainda bem! Não é isso que vai me definir como mulher nem medir minha beleza natural, mas há quem pense que sim.
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