Eu quero um tempo
Eu não acredito mais em “tempo”, mas aprendi a respeitá-lo quando o colocam de diante de mim. Na única vez que lancei mão deste artifício, foi com a clara intenção de me afastar e começar a mostrar a outra pessoa que a vida sem mim poderia ser melhor. No fundo, acho que faltou coragem pra chegar e dizer “não quero mais”. Hoje, vivo a situação contrária (tá vendo, cara, como o mundo dá voltas!?). Mas, segundo ela, essa é a melhor chance que a gente tem de ficar junto.
E eu acredito nisso.
Sobre seguir a vida, não acho que saindo e pegando todas resolva. Não acho que procurando um amor antigo resolva. Muito menos acho que fazer algum tipo de mal pra mim resolva. Se bebo muito hoje, amanhã acordo com ressaca e ainda com a saudade. O melhor é ficar quieto e (tentar) não pensar demais na outra pessoa. Tá, essa é parte mais difícil.
É difícil porque tudo me faz lembrá-la. Minha cama, meu carro, a rua dela, um cabelo castanho, uma palavra que ela usa muito, um presente ainda na estante, as fotos visíveis (antes de serem escondidas) e, principalmente, a inspiração que vem pra escrever sentimentalidades afloradas pela distância e a nossa falta de contato.
Tudo bem, é impossível não lembrar. Mas eu decido o que fazer com isso.
Porque eu posso muito bem não ficar mal com a situação. Se foi ela quem pediu o tempo, ela que assuma o risco de me perder. E não é que outra vá me tomar hoje à noite ou amanhã, mas quando ela voltar (se é que vai querer) posso não estar mais esperando. Opa, acho que não era pra dizer que estou esperando, né?
Entretanto, essa é a verdade. Quando se ama, se suporta muitas coisas. Até mesmo um pedido como esse. Amor próprio tem nada e tudo a ver com essa história toda. Nada porque, num primeiro momento, ama-se, espera-se e pronto. Que ninguém questione. Por outro lado tem tudo porque não dá pra ficar chorando e sofrendo por alguém que, ainda que seja por um tempo, não quer saber como está.
Prefiro, então, não dar veredictos. Assim como podemos enxergar a verdade de várias formas diferentes, esse pedido vai pelo mesmo caminho. Se ela mesma me disse que essa é a melhor chance, eu preciso acreditar nisso se ainda quiser acreditar em nós dois. Mesmo não compreendendo mais o porquê do “tempo” e mesmo não sabendo como dar “tempo ao tempo”, eu sei alguma coisa sobre “acreditar”. Ter fé.
E eu nunca deixei de acreditar na gente. Seguirei acreditando até que me provem o contrário.
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