Gosto de vê-la
Gosto de vê-la. Mesmo à distância. Numa tela retangular pequeninha, ela se engrandece em poses – sensuais ou não. Mas gosto de vê-la. Uma mordiscada nos lábios puros de um dia cansativo. Um cabelo bagunçado pós banho morno às onze da noite. Umas unhas quaisquer, sem muito brilho ou coisa assim. Uns dedos que sabem bem aonde ir – e onde ficar.
Gosto de vê-la. Me gritando em silêncio exigindo minha presença mais perto. Fantasiando sensações, posições e cenas por ali – sozinha, mas abraçada comigo e com o mundo inteiro que ela queira.
Abre os olhos. Abre a boca. Abre as pernas. E são tantas portas que até me perco de estar longe.
Temo entre o aproveitar por aqui e o só olhar até o fim. Dúvidas deliciosas de errar e acertar. De entrar e sair. De me passear apenas com as pupilas atenciosas.
Ela quer que eu veja. Mas quer me ver, também.
Somos combustíveis um do outro.
Somos energéticos um do outro.
Balançar da tela. Entre mais em cena. Rebola. Me olha. Não sei.
Daqui até a casa dela tem mais quarteirões que não sei o quê.
Mas só de vê-la por aqui, já sei que, de alguma forma, irá dormir comigo esta noite.
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